sexta-feira, 8 de setembro de 2017

DYSNOMIA (Thrash/Death Metal - São Carlos/SP)


Banda: DYSNOMIA

Início de atividades: 2006

Discos lançados: 1 Demo (“Promo”, 2009), 1 EP (“As Chaos Descends”, 2013) e 1 full-length (“Proselyte”, 2016). A banda encontra-se em processo de gravação do segundo full-length, ainda sem título definido.

Formação atual: João Jorge (guitarras, vocais), Fabrício Pereira (guitarras), Denílson Sarvo (baixo), e Érik Robert (bateria)

Cidade/Estado: São Carlos/SP


BD: Como a banda começou? O que os incentivou a formarem uma banda?

A banda começou com Júlio Cambi, ex-guitarrista, juntamente com Érik e Denílson. Alguns integrantes entraram e saíram da banda, até que eu, João, fui convidado pelo Júlio, que havia visto uma apresentação minha com um outro projeto, nos vocais, e acabei me juntando ao trio como guitarrista e vocalista. Eu já havia tocado em várias bandas aqui na cidade por algum tempo, e os caras também já tocavam juntos havia mais ou menos um ano, tirando covers, e estavam iniciando as composições próprias. Acho que todos os integrantes da banda desde o início partilharam da paixão pelo estilo, paixão essa que vinha de anos, e pela música também. Todos tinham bastante vontade de melhorar em seus instrumentos, e aplicavam-se bastante nos ensaios, que no início eram bem longos. A partir daí, as coisas começaram a fluir. Depois da gravação do primeiro álbum, tivemos uma mudança na formação: o Fabrício se juntou a nós no lugar do Júlio, já trazendo novas ideias, características e uma nova dinâmica na banda.


BD: Quais as maiores dificuldades que estão enfrentando no cenário?

A necessidade de ter uma estrutura mínima para se sustentar sem ter que tirar dinheiro do próprio bolso, e, além disso, o fato de não termos em torno de nós muitas pessoas lidando com a área extramusical, talvez. Temos muitos parceiros que temos acumulado ao longo do tempo e que hoje em dia facilitam muita coisa para a gente, porém de início éramos mais nós mesmos e as responsabilidades se acumulavam, o que leva a outro fator também, e acho que talvez isso seja uma dificuldade mais interna, apesar de depender do cenário em geral: a questão da persistência e a mantenência do foco. Essas parcerias são algo que se consolida ao longo dos anos, então, faz-se necessário tentar manter-se na estrada ou produzindo sempre, mesmo que aos poucos. E isso também não é tarefa fácil, afinal de contas, como a música não mantém a banda e seus integrantes, temos outros empregos ou afazeres, nem sempre relacionados a ela. É a realidade de muitos músicos, não só no Brasil. Creio que a questão autoral também seja um fator importante a ser considerado, é difícil fazer música autoral; a aceitação até existe quando você demonstra qualidade, mas é lenta; e somando-se a isso o fato de que o estilo também já não é dos mais acessíveis e populares, esse processo fica ainda mais moroso e penoso. Mas vale a pena, a despeito dos percalços e dificuldades, com certeza!


BD: Como estão as condições em sua cidade em termos de Metal/Rock? Conseguem tocar com regularidade? A estrutura é boa?

Existem casas de shows e pubs, que geralmente privilegiam as bandas cover ou mais mainstream, mas aqui também tem alguns lugares interessantes em que se vê muito evento e show de bandas autorais e independentes, inclusive com pautas que extrapolam a área sonora, por assim dizer; lugares em que rolam rodas de conversa, troca de ideias, comidas veganas, festivais pro público Metal, Hardcore, Grind/Noise, é muito louco: tem um festival de Noise/Grind aqui, por exemplo, numa chácara, com entrada gratuita, e só as bandas mais barulhentas que você pode imaginar; aparecem Punks, Bangers, além dos fãs da bagaceira haha, mas também tem eventos mais voltados para o público Metal, Rock ‘n’ Roll, acho que tem para todos os gostos. Falta muitas vezes a grana e a estrutura, sim, mas muitas vezes o pessoal compensa isso com muita energia e vontade; há eventos mais estruturados também, mais raramente; enfim, tem para todos os gostos, ainda que muita gente reclame, hehe. Acho que não tocamos com a regularidade que gostaríamos aqui ou pela região, mas por conta de outras circunstâncias também. A estrutura sempre pode melhorar e acho que ainda necessitamos de pessoas que invistam nisso, fora dos grandes centros urbanos e capitais, mas ainda rola bastante coisa, mesmo assim.


BD: Hoje em dia, muitos gostam de declarar o fim do Metal, já que grandes nomes estão partindo, e outros parando. Mas e vocês, que são uma banda, como encaram esse tipo de comentário?

Acho que isso se relaciona muito com a resposta da pergunta anterior. Tem muita gente fazendo eventos, inclusive o pessoal das próprias bandas, que tem se organizado para fazer acontecer. Poderia discorrer sobre muita coisa, mas percebi que tenho sido prolixo em algumas respostas, hahaha. Então aí vai uma resposta mais sucinta: acho que não está próximo do fim, pelo contrário. O público talvez tenha diminuído nos últimos anos, mas continua se renovando, vejo uma molecada que comparecia a shows nossos quando estávamos começando também formando bandas, participando, organizando seus shows e eventos, e enquanto houver músicos e pessoas se mobilizando em torno disso a coisa vai rolar.


BD: Em termos de Brasil, o que ainda falta para o cenário dar certo? Qual sua opinião?

Acredito que falta um pouco persistência por parte de muitas bandas, mas por outro lado, também falta investimento e organização, por parte de músicos, produtores, o público que também pode valorizar mais as bandas nacionais, independentes e autorais; mas creio que estejamos no caminho certo, essas coisas já ocorrem, e o underground nunca parou também, temos bandas novas e de muita qualidade sendo reveladas a todo o momento, temos uma história repleta de bandas conceituadas e mesmo cultuadas, detentoras de muito respeito no cenário internacional. Ou seja, por um lado, já deu/dá certo. Sempre se pode melhorar, é claro. Talvez eu seja muito otimista. Não ignoro as dificuldades; no entanto, vejo esse lado bom , a grande e bela história que tem o metal nacional, de muita luta e resistência.


BD: Deixem sua mensagem final para os leitores.

Bom, espero que tenham curtido a entrevista, obrigado a todos os que sempre apoiaram a banda, nos vemos na estrada!! Não deixem de apoiar as bandas independentes, autorais e nacionais, pois sim, nós temos algumas das bandas mais fodas do mundo! Basta estar atento e aberto para as coisas novas. Todos nós curtimos os medalhões e os clássicos, são parte constituinte de nossa identidade e de nossa história. No entanto essas bandas também já foram desconhecidas e tiveram que lutar pelo seu espaço. Para tanto, decerto, contaram com o apoio do público e de muita gente! Obrigado, Marcão, pela oportunidade e pelo espaço que você aqui nos cede tão gentilmente, é uma grande honra para nós! Abraços a todos!


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Links para audição:


Vídeo oficial da faixa-título do primeiro álbum, “Proselyte”: https://www.youtube.com/watch?v=RSJFp1PgQEo

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