segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

TRIANGELUS - I.I. (Indivíduo Incógnito)


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Lamparina
2. Família dos Mortos
3. Eyes That Glow in the Dark


Banda:

Anônimo - Todos os instrumentos


Ficha Técnica:

Anônimo - Produção, mixagem, masterização, artwork


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:
Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


No Brasil, estamos acostumados a, todos os dias, vermos bandas e mais bandas que não são de caráter experimental. Bandas que busquem influências em nomes que assombram aqueles que possuem forte ligação com o conservadorismo musical. Mas toda evolução é como uma represa que está rachando: melhor fugir antes que as aguas derrubem tudo. E mostrando-se evoluído e capa de gerar algo diferente do usual é o projeto TRIANGELUS, de Joinville (SC), que chega com seu primeiro trabalho, o EP “I.I. (Indivíduo Incógnito)”.

A verdade é: temos em mãos uma banda de Death Metal. Isso mesmo, Death Metal, mas como este autor já disse algumas vezes antes, talvez seja o estilo de Metal que mais permita experimentos e criatividades, e o músico por trás do projeto soube usar bem de um “approach” experimental para criar as canções do EP. Se percebe uma boa estética musical, que beira o Progressive Death Metal, embora mostrando forte ranço dos padrões mais tradicionais. Mas verdade seja dita: estamos vendo a geração embrionária de algo diferente. Tenham certeza, e sem mencionar que não faltam energia e agressividade.

A produção sonora ainda é bem crua, mas nada que chegue a prejudicar a audição do EP. Tudo soa bruto, em seu devido lugar, mas ao mesmo tempo, sente-se que houve uma preocupação estética em que todos os instrumentos fossem bem ouvidos. Da próxima vez, recomendo um carinho maior com a bateria, pois o timbre da caixa está estranho. Não é ruim, mas poderia ser melhor, mais seco e pesado.

Musicalmente, se percebe que a mente por trás do TRIANGELUS busca algo novo e fresco, diferente do convencional. Embora as influências tradicionais que permeiam o EP sejam notáveis, ele também mostra uma banda que envereda por uma riqueza musical e toques estilísticos que não são usuais em termos de Brasil. Sem querer comparar demais ou dar uma falsa impressão, é como se ouvíssemos algo semelhante ao MESHUGGAH, só que um pouco mais simples e menos dissonante, mais ainda assim, é bem incomum.

Em três músicas, o projeto mostra a que veio.

“Lamparina” é uma instrumental pesada e técnica, com muita proeminência do baixo (alguns toques de Jazz ficam bem evidentes em muitas partes, e o final tem uns toques de guitarra limpa dignos de Jazz/Bossa Nova). Em “Família dos Mortos”, apesar da boa técnica, a estruturação lembra bastante o Death Metal tradicional, com muito peso e agressividade, além de bons vocais guturais que variam bastante de timbres. E fugindo de qualquer fórmula, vem a soturna e trabalhada “Eyes That Glow in the Dark”, adornada com melodias sinistras e guitarras completamente diferentes do que acostumamos ouvir dentro do estilo em questão, rebuscando um lado mezzo Progressivo e mezzo Jazz.

Uma banda e tanto, que tende a evoluir mais e mais. Mas “I.I. (Indivíduo Incógnito)” já mostra que vem coisa boa e nova por aí.

Nota: 83%

Resenhas no Metal Samsara - Como proceder?


O Metal Samsara é um Blog que visa atender a todos. Mas para questões de resenhas de discos digitais, é preciso que todos tenham em mente que não existe uma equipe. O autor das resenhas é a mesma pessoa sempre, e que como todos, possui uma vida a qual necessita dar atenção.

Por este motivo, bandas que usem arquivos digitais precisam se adequar aos modelos usados por este autor. No fundo, se observarem, os textos abaixo mostram a construção de kits digitais e releases nos moldes que são feitos por gravadoras europeias e americanas. É trabalhoso em um país como o Brasil, onde basicamente tudo fica nas mãos das bandas. Mas se não aprender conosco, vai necessitar pagar por este trabalho (que nem sempre é barato), sendo que aqui, ele é dado de graças. Dinheiro este que a banda poderia muito bem usar para outras necessidades.



Os kits e releases que não se enquadrarem nestes modelos não serão considerados, pois escrever resenhas no formato do Metal Samsara não é simples.

Ele dá trabalho, mais em compensação, todas as informações que um leitor deseja estão nelas. E não há como perder tempo caçando informações na internet que as próprias bandas já possuem. O tempo que é gasto, em média, na caça por informações preciosas excede os 10-15 minutos. Pode ser que para muitos pareça pouco, mas para alguém que posta notícias, escreve resenhas e entrevistas, e sem contar as responsabilidades com outros canais de informação e mesmo com a vida privada, são 10-15 minutos que fazem muita falta ao autor.

Mostro uma das resenhas que são feitas no Metal Samsara para que compreendam o motivo dessas exigências: https://metalsamsara2.blogspot.com.br/2018/01/tchandala-resilience.html

Lembrem-se: quanto melhor seu release e kit, mais tempo você poupa a este autor. Pense que gentileza gera gentileza, e quanto melhor a informação, melhor poderá ser a resenha, já que, com elas todas na mão, não existirá desgastes desnecessários na busca por links de contato, links de audição e outros.

IN APOSTASIA - Hail the Kings


Ano: 2017
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

The Hail Side:

1. Our Scars (intro)
2. Never
3. Fire Within
4. Tamoio Confederation
5. They All Must Die
6. Burning Crosses
7. Hunting Ground
8. Brotherhood of Man 
9. War
10. Hear Their Voices (outro)

The Kings Side:

11. The Embrace of the Cold 
12. Christ’s Death
13. Raise the Dead
14. Countess Bathory
15. To Walk the Infernal Fields


Banda:


Jefferson Britto - Baixo, vocais
Lucas - Guitarras
Daniel - Bateria


Ficha Técnica:

Jeff Britto - Produção, mixagem, masterização, artwork
Rafael - Músico convidado (Guitarras em “Brotherhood of Man”, “The Embrace of the Cold”, “Christ’s Death”, “Raise the Dead”, “Countess Bathory”, e “ To Walk the Infernal Fields”)


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria: http://www.blacklegionprod.com/in-apostasia/ (Black Legion Productions)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Criar um disco pode ser algo trabalhoso, dependendo da ideai da banda envolvida no processo. A pressa em acabar uma gravação e pôr o disco nas lojas pode sempre trazer mais prejuízos do que ajudar. Por isso, o grupo mineiro IN APOSTASIA, de Governador Valadares, fez a coisa mais certa em seu terceiro trabalho de estúdio, o álbum “Hail the Kings”: trabalharam bem as ideais até chegarem onde queriam. E ficou muito bom o resultado final.

A banda faz um Black Metal agressivo e bem soturno, focado na velha escola do início dos anos 90, ou seja, a SWOBM. O trio não prima pela técnica (embora estejam longe de serem simplistas em termos técnicos), focando seus esforços em criar algo bruto e rápido, mas com muitos momentos mais cadenciados e atmosféricos. A profusão de riffs raçudos e diretos (mas muito bons), vocais rasgados de dar calafrios, baixo e bateria formando uma base rítmica sólida e com boas mudanças de ritmo é absurda o disco todo, criando algo de fácil assimilação pelos fãs do gênero, mas ríspido e mórbido.

Sim, traduzindo este parágrafo, “Hail the Kings” é um disco de alto nível em termos de Black Metal.

Ao se falar da sonoridade, muitas vezes o calcanhar de Aquiles de muitas bandas do gênero, se percebe que houve uma preocupação em ter uma sonoridade crua que esboce a personalidade musical do trio. Mas ao mesmo tempo, o produtor não se furtou em conceder a “Hail the Kings” um nível de limpeza que torna cada uma das canções compreensível aos ouvidos dos menos iniciados. E mesmo com uma produção digital, se percebe que houve uma preocupação com a estética dos timbres sonoros, de forma que tudo se encaixasse para fazer com que as canções soassem sólidas como rochas. E a arte ficou muito boa, refletindo a proposta negra do conteúdo lírico das canções.

“Hail the Kings” foi concebido como os antigos discos de vinil, com dois lados: “The Hail Side” é o disco em si, apresentando suas 10 faixas (uma introdução, uma outro, 7 canções próprias e uma versão para “Brotherhood of Man”, do MOTORHEAD). Já “The Kings Side” são versões deles para clássicos do gênero, bandas que os influenciaram e ajudaram a caracterizar o Black Metal. E em todas as composições, se percebe inteligência e esforço nos arranjos, mas coração para que a proposta sonora do grupo não fosse alterada. E como esses caras são talentosos!

O disco inteiro é ótimo, vale a ouvida de ponta a ponta. Mas para que o leitor tenha suas referências iniciais em “The Hail Side”, podem começar pela postura agressiva e brutal de “Never” e de “The Fire Within”, com ambas mostrando ótimas suas mudanças de ritmo (baixo e bateria fazendo um trabalho de primeira), a rapidez extrema da curta “They All Must Die”, o peso absurdo e atmosférico das partes mais cadenciadas de “Burning Crosses” (riffs muito bons, com uma dinâmica ótima com a base rítmica) e de “Hunting Ground” (aqui, os vocais estão muito bem, mostrando um tipo de vocal rasgado mais grave), além da ganchuda “War” e suas passagens em velocidade mediana que são empolgantes. E a versão deles para a magistral “Brotherhood of Man” é destruidora, com um ritmo lento e azedo, onde o vocal rasgado encaixou perfeitamente nas linhas roucas do finado Lemmy, sem falar que esses timbres crus de guitarra ficaram perfeitos.

“The Kings” é um tributo do IN APOSTASIA aos seus mestres. E ver a roupagem mais atual e agressiva que velhos hinos como “The Embrace of the Cold” (do grupo norueguês GRIMM, que aqui ficou com uma sonoridade melhor), a ríspida “Christ’s Death” (do SARCÓFAGO, que ganhou uma pegada mais Black Metal, graças aos vocais rasgados), a azeda e cadenciada “Raise the Dead” (do BATHORY, que já nasceu perfeita e o grupo respeitou suas características), a fogosa “Countess Bathory” (do VENOM, que ficou ótima com essa estética mais Black Metal e não tão Metal Punk), e a longa e gélida “To Walk the Infernal Fields” (um dos maiores clássico do DARKTHRONE, que soa mais limpa, mas não menos agressiva por isso).

O IN APOSTASIA tem tudo para se tornar um dos maiores nomes do Black Metal brasileiro, pois “Hail the Kings” mostra que o trio tem talento para isso.

Nota: 97%