Embora não seja incomum ver parentes envolvidos no mundo
musical, a relação Metal/Rock com a família nunca foi algo muito harmonioso. Mas
em alguns casos, familiares próximos se dão bem dentro desse universo. E no
caso singular dos irmãos Appice, o
mais velho, Carmine (conhecido por
seus trabalhos em bandas como VANILLA
FUDGE, KING KOBRA, e com músicos como Rod
Stewart e Ozzy Osbourne), acabou
sendo aquele que levou o mais novo, Vinny
(ele mesmo, que passou pelo BLACK
SABBATH, HEAVEN AND HELL, DIO, KILL DEVIL HILL, LAST IN LINE e muitos
outros) a seguir pelo mesmo caminho: a bateria. Mas estranhamente, os irmãosnunca haviam chegado a um trabalho
conjunto até hoje. Mas agora, como “Sinister”,
e sob o nome APPICE, eles finalmente
estão juntos, dando uma aula de Metal/Rock. E a Shinigami Records deu aquela forcinha providencial e colocou o
disco no mercado nacional.
Para início de conversa, em “Sinister”, o estilo musical é bem esperado: aquele sempre ótimo e melodioso
Hard’n’Heavy de primeira, com refrãos ganchudos, harmonias de primeira, e uma
completa despretensão musical. Isso, os Appice
Brothers não estavam a fim de criar um clássico musical (e nem precisam,
porque já tocaram em muitos), não quiseram renovar o gênero, e nem nada do
tipo, mas apenas tocar livres de qualquer pressão. E é justamente isso que faz
do álbum um disco essencial: sua espontaneidade.
Aliás, precisa de algo mais que isso para ser bom demais?
Carmine e Vinny, com toda experiência que têm,
produziram “Sinister”, mas gravaram
suas partes em locais diferentes (assim como os convidados), e sobrou uma
batata quente para Steve DeAcutis,
que mixou e masterizou o disco. E o trabalho dele é de primeira, pois conseguiu
não só diluir as diferenças, mas deu peso e coesão às músicas, bem como a
sonoridade é clara. A arte, assim como a música, é despretensiosa, sem
aspirações revolucionárias, mas mesmo assim, muito bem feita, com todas as
informações de quem tocou em cada uma das canções.
E se preparem, porque se tem uma característica que “Sinister” ostenta com orgulho é de ser
aquele tipo de álbum que se houve vezes e vezes seguidas sem que enjoemos dele.
É bateu, grudou, viciou! E um detalhe: eles tocam juntos!
Isso mesmo: eles tocam bateria juntos em todas as faixas, o que
dá aquele toque de novidade ao disco!
São 13 pancadas Hard/Metal para nenhum fã botar defeito,
todas ótimas, mas o embalo descompromissado e envolvente de “Sinister” (pegada pesada absurda), o
toque acessível na pesada “Monsters and
Heroes” (única com letra no encarte, uma homenagem ao Mestre e Herói Ronnie James Dio, e uma aula de emoção
na voz de Paul Shortino), a
quebradeira cadenciada e densa de “Killing
Floor” (riffs de primeira) e de “Danger”,
os duelos de bateria ouvidos em “Drum
Wars” (exibição de gala dessas feras), o toque Blues/Country da hardona “Riot”, a ambientação mais
introspectiva, embora pesada, de “In the
Night” (um típico Hard’n’Heavy americano dos anos 80), as partes mais
cheias de feeling e emoção de “Future Past”,
o swing/Groove presente nos ritmos de “Bros
in Drums” e em “War Cry”. Mas
como é surpreendente a faixa “Sabbath
Mash”, obviamente um medley do BLACK
SABBATH, mas que vai deixar alguns surpresos por serem trechos de “Iron Man”, “War Pigs” e “Paranoid”,
ou seja, nada da época em que Vinny tocou na banda, e parece um tributo ao Mestre
Bill Ward e sua influência em todos
nós.
Sinceramente, se o APPICE
não lançar mais discos no future, vai ser um enorme desperdício, pois “Sinister” é um discão de primeira
categoria!
Um dos episódios mais tristes, e ainda assim inspirador, da história de
nosso país é, sem sombra de dúvidas, a Guerra
de Canudos.
Para aqueles que não conhecem bem a história, o conflito
ocorreu entre 1896 e 1897, quando o exército brasileiro entrou em combate
contra integrantes do arraial de Canudos,
no interior da Bahia, e que era liderada pelo Beato Antônio Conselheiro.
O crime: a comunidade de Canudos era um arraial onde os menos favorecidos, sempre
humilhados pelos grandes senhores da produção agropecuária de nosso país e abandonados pelo poder público, se
reuniam e produziam para si mesmo os alimentos e viveres necessários. E pela
orientação de Antônio Conselheiro
(um líder social e religioso), tudo era partilhado de forma igualitária entre
todos os habitantes do arraial (que ele batizara de Belo Monte). Nele, os
excluídos e pobres, bem como os recém-libertos escravos, tinham um lugar no mundo onde poderiam ter uma vida simples,
mas muito menos amarga e sofrida do que a alternativa oferecida pelo governo do país ou os
grandes coronéis das fazendas, sob as bênçãos da igreja.
Antônio Conselheiro sofreu um longo e penoso processo de difamação pública, onde
fora alegado que ele seria defensor da monarquia, e que os habitantes
de Canudos iriam buscar reinstaurar um governo monárquico com armas compradas pela Princesa Isabel. Até mesmo fora
acusado de loucura, tese que até os dias de hoje impedem o reconhecimento dele
como um líder comunitário empreendedor. No fundo, Conselheiro seria,
aos olhos de todos os mais atentos, um homem que queria apenas dar uma opção
de vida melhor aos menos favorecidos, usando uma visão religiosa voltada ao cristianismo
bíblico original, citado em Atos dos Apóstolos (capítulo dois, versículos 44 a
47), onde tudo era dividido entre todos.
Canudos resistiu e
rechaçou três expedições militares, caindo diante da quarta. A opinião pública exigiu a aniquilação
total do arraial, e assim, o sangue de 20.000 pessoas regou o sólido árido do
sertão baiano. Muitos foram degolados, e o cadáver de Antônio Conselheiro (que morrera poucos dias antes do final da
guerra, possivelmente tendo por causa
mortis disenteria) foi retirado de seu túmulo e decapitado, e sua cabeça
enviada para análise na Faculdade de Medicina de Salvador, onde seria examinada
Dr. Nina Rodrigues (a ciência da
época tinha a crença de que “a loucura, a demência e o fanatismo” deveriam apresentar
alterações de seu rosto e crânio). Em 03/03/1905, um incêndio atinge a antiga
Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destruindo a
cabeça de Antônio Conselheiro (que
lá estava desde o final da guerra de Canudos).
Triste, mas inspirador para todos aqueles que, independente
de orientação política, acreditam em um mundo melhor, e que Conselheiro teria sido um homem de
visão.
E tendo este tema histórico rico como fundo, eis que o trio carioca DORSAL
ATLÂNTICA vem com seu disco mais recente, “Canudos”, e mais uma vez, mostram que continuam sendo pioneiros.
O estilo do grupo continua sendo o mesmo de sempre, aquela
mistura de Metal e Hardcore cheia de energia, que tem a crueza dos anos 80, mas
que nas mãos da banda ganha um brilho cheio de vida. Ou seja, diferente de
muitos, o som do grupo não soa velho ou datado, mas com uma agressividade
enorme, e disposto a continuar ensinando sua filosofia musical destruidora de
ouvidos a todos. Isso é o que o DORSAL
ATLÂNTICA oferece, e acredite: é de primeira!
Ao falar da questão da produção sonora, é preciso ter em
mente que o grupo sempre busca uma sonoridade mais visceral e crua. Por isso, a
qualidade é muito boa e orgânica, casando perfeitamente com a proposta
sonora do disco. Os timbres são os mais simples que se possa ter, de forma que reflitam um
tipo de som próximo ao que se ouve em shows. E embora a estética seja simples, o
trabalho de Carlos Lopes na
produção, mais a captação e mixagem de Elton
Bozza no Superfuzz Studio (SP), e
a masterização de Gabriel Zander no Costella Studio (SP) são garantias de
que tudo funcionasse como a concepção de “Canudos”
demanda.
Foto de Antônio Conselheiro tirada por Flávio de Barros.
Agora, falar do lado gráfico é algo que requer muita
paciência, pois é lindíssima a apresentação. A capa é como a dos antigos discos
de vinil, dupla, tendo em seu interior o tradicional crânio cheio de pregos e
mais uma imagem estilizada da única foto conhecida de Antônio Conselheiro (tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897, quando o corpo foi
retirado da sepultura). O disco tem dois encartes: um onde as letras são
disponibilizadas sobre uma textura que lembra o solo do sertão, e o outro, onde
constam os agradecimentos aos financiadores do projeto, bem como tem um pôster de
Antônio Conselheiro transfigurado
como um anjo a defender os menos favorecidos. Nele, ainda constam imagens e
textos referentes a mortes (ou seriam execuções) arquitetadas por governantes. Um
manifesto que mostra que a Guerra deCanudos é mais um evento onde a
morte dos que buscam a melhoria de muitos é o desejo dos que possuem o poder e
o dinheiro, e que não estão dispostos a dividir uma migalha que seja.
Musicalmente, “Canudos”
representa um lado mais maduro do DORSAL
ATLÂNTICA, uma vez que no meio da massa sonora da banda se percebem algumas
passagens que remetem aos ritmos regionais do Nordeste (como fica claro em “Favela”), mas o foco é mesmo aquele
Hardcore Metal/Metal Punk com jeitão Thrash que o trio sempre fez. Além disso, o
lado militante e consciente surge porque essa obra não só fala do passado, mas
do presente. Sim, os temas de “Canudos”
perfazem a atual situação política/social de nosso país, já que apesar das
mudanças visíveis, a alma do governo atual é a mesma dos tempos de Prudentes de Moraes (que iniciou a
ofensiva contra Canudos e autorizou a carnificina), que
promove os mesmos genocídios que Deodoro
da Fonseca e Floriano Peixoto,
que demanda o sangue dos pobres como Getúlio
Vargas em seu período ditatorial (que chacinou sem dó os cangaceiros), e
mesmo no período do Regime Militar (quantas vidas não foram ceifadas nos porões
do DOI CODI). Entre eles e Michel Temer, a diferença é apenas o tempo e a
metodologia, mas o sangue derramado e as injustiças não mudam.
O disco abre com a instrumental intimista “Canudos”, que antecede a agressividade
Metal/HC de “Belo Monte”, onde se
percebe as mudanças de tempo ótimas da base rítmica (Belo Monte é o nome dado
por Conselheiro a Canudos,
representando a esperança de uma vida melhor para os desfavorecidos, inclusive
citando a profecia que o sertão iria virar mar), seguida da força impactante de
“Não Temos Nada a Temer”, onde as
guitarras mostram riffs incríveis (se repararem existe uma ligação poética
entre o passado e o presente do Brasil nas letras). Toques regionais surgem nas
melodias de “O Minuto Antes da Batalha”,
com um ritmo um pouco mais cadenciado (onde vemos um discurso de Conselheiro, que fala os nomes do
Tenente policial Manuel da Silva Pires
Ferreira, de Febrônio de Brito, do
carniceiro Moreira César, Artur Oscar, bem como denuncia a falácia
de que os canudenses iriam lutar contra a república). “Carpideiras” é uma triste instrumental de guitarras, absorvendo o
significado de seu título, antecedendo as linhas harmonias rascantes de “A Conselheira”, onde os vocais vão
trazendo aquele velho carrego agressivo dos anos 80 (e a letra narra
basicamente a estruturação do arraial, dos postos e lideranças). Um ar que
remete diretamente ao clima denso de “Antes
do Fim” surge em “Sonho Acabado”,
com uma construção musical mais simples e que beira o HC, mas cheia de uma
crueza energética de primeira e de ótimas guitarras (a letra traça um paralelo
do fim de Canudos com outros
momentos históricos do Brasil, onde as forças ocultas do poder mataram tantos
que buscaram melhorar o país). Em “Cocorobó”, o clima agressivo continua,
a mesma energia crua do grupo, apenas com uma estética melódica mais apurada,
além do peso bruto de baixo e bateria (Cocorobó é um açude da região, que veio
a inundar a região original de Canudos, cumprindo a profecia de Antônio Conselheiro, mas a letra fala
da encarniçada luta que levou ao fim de Belo Monte). Um toque subjetivo de Rock
anos 70 surge em “Araçá do Peito Azul de
Lear”, uma canção com peso e uns toques psicodélicos que encaixaram como
uma luva (o nome da canção é de um pássaro típico da região, as letras já fazem
referência ao dilúvio causado pelo açude meio século depois da guerra). A força
dos tempos de “Alea Jacta Est” surge
com muita fúria em “Gravata Vermelha”,
contrastando com melodias intensas e muito peso, com mais uma aula de mudanças
de timbres dos vocais (e o título é uma referência à degola dos canudenses,
algo que ocorreu, quebrando a promessa feita de que não existiriam execuções,
já que o poder político não possui honra e não cumpre suas promessas, algo que
vemos pela história da república de nosso país). “Liberdade” mostra-se regada de ritmos regionais em meio ao peso abrasivo
dos arranjos de guitarras e vocais, assim como surgem em “Favela” e seu andamento eclético e bem feito, enquanto a
brutalidade e agressividade imperam em “Ordem
e Progresso”, que fecha o disco com uma golfada de fúria HC. As letras
delas são uma lembrança do legado de liberdade, do sonho de igualdade chamado Canudos
(“Liberdade”), que o legado do poder
público em todas as suas instâncias é a opressão e a destruição da dignidade
humana (“Favela”), e que para
alcançar o sonho de um mundo melhor, é preciso lutar, resistir até o fim e sem
ceder, já que entre lindas, recatadas e do lar, conservocratas sujos que oram
em nome de Deus, mas amam somente o dinheiro e o poder (“Ordem e Progresso”). Todos novos
senhores das senzalas, todos os novos demônios denunciados por Antônio Conselheiro no passado.
No mais, “Canudos” é
uma opera Rock de primeira qualidade, e já figura entre os grandes discos feitos
no Metal brasileiro.
Sobreviventes de Canudos após a rendição.
“Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na
significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo”. (Euclídes da Cunha - Os Sertões)
Fazer discos conceituais é uma arte que anda cada vez mais
escassa no mundo do Metal e do Rock ‘n’ Roll. Talvez seja um reflexo da
sociedade imediatista dos últimos dez anos, onde se consome tudo de forma
rápida, inclusive arte e cultura. Mas ainda há quem use o formato, e consiga
resultados de primeira linha.
E nisso, o terceiro disco do STILL LIVING, “YmmiJ”,
vem mostrar que se pode fazer música de qualidade aliada à letras inteligentes.
O Hard Rock/Melodic Rock da banda continua o mesmo, sempre
bem feito e com arranjos esmerados, mas de fácil assimilação e com ótimos
refrãos, guitarras ótimas, baixo e bateria com uma base sólida e de peso,
teclados criando atmosferas interessantes. Mas lembrando: mesmo com melodias
grudentas e uma estética acessível, o trabalho do quarteto é pesado e cheio de
influências de outros gêneros musicais. E sendo um disco conceitual, a banda
precisa ambientar cada canção para expressar a estória em questão, e mesmo
nisso eles acertaram a mão.
A produção de “YmmiJ”
ficou nas mãos da própria banda, tendo como coprodutor Aldecy Souza (que também mixou e masterizou o disco) . E a
experiência acumulada nos anos de estrada os fez chegar a um nível muito bom de
qualidade sonora, com uma gravação bem feita e o som fluindo de forma natural e
intensa, mas sem que as melodias do grupo sejam perdidas. A crueza que se sente
faz parte da música da banda, ela é assim.
Em termos de arte gráfica, verdade seja dita: a capa é
ótima, dando uma ideia do conceito abordado nas letras. Mas a apresentação é
bem leve e agradável, em um trabalho ótimo de Márcio Abreu (desenhos) e Vinícius
Townsend (colorista), e um design ótimo para o encarte (feito por Eduardo Holanda, guitarrista do grupo).
A estória de Jimmy,
personagem principal, é a estória de uma noite cheia de reviravoltas e uma
mistura de vários sentimentos. É uma estória que poderia ser da sua vida, da
minha, da vida de qualquer um, cheia de altos e baixos, enfim, que vale a pena
ser decifrada pelo ouvinte com calma.
A grosso modo, o disco tem 15 canções, sendo que as versões europeia
e japonesa terão bônus. E destacam-se a melodiosa e envolvente “Reign of Pills”, com seu jeitão meio THE WHO e seu belíssimo trabalho de
vocais e teclados (Renato está
cantando cada vez melhor, sem contar que se percebe uma ótima interpretação); o
peso sujo e acessível de “On the Edge”
e suas belas guitarras (Eduardo é
mesmo um ás dos riffs); o peso duro, mas acessível, de “Call of the Night” (mostrando o valor do trabalho de Aldecy e Cleber); a grudenta e envolvente “Dusty Blue Shadow” e seu solo melodioso e eficiente; a Glam/AOR “Listen to Me” e suas melodias
acessíveis, além dos teclados providenciais (verdade seja dita: Thiago sabe realmente dar vida às
canções) e ótimo refrão; a pegada mais pesada de “The Man I’ve Become” e seu jeito Metal de ser; a balada sensível e
terna que se ouve em “King of Nothing”
(lindos detalhes em pianos, vocais versáteis e bela presença de baixo); o peso
moderno e Progressivo de “Peace or
Pieces” (lembra algo do DREAM THEATER
do “Images and Words” em seus
momentos mais lentos); a linda “Mr.
Mirror”, recheada de mudanças de ritmo (começa como uma baladinha de voz e
piano, mas logo vira um Hardão cheio de energia e vitalidade); a pegada
ganchuda e envolvente de “I.M. Jimmy”
(mais um refrão daqueles); a energia crua e direta de “Cult of the Rough Awakening”, a canção mais pesada do disco, mas
com um swing forte, e a instrumental cheia de narrativas “In the Dark/As Shallow as It Gets”. Além dessas, a versão europeia
tem o bônus de “Redemption”, uma
linda balada de piano e voz, enquanto a versão japonesa tem como extra uma
versão em piano e voz para “Haunted”. Ou seja, tirando as curtas instrumentais/introduções, todas as faixas são ótimas.
O STILL LIVING é
uma banda de alto nível, e que já não tem mais espaço no Brasil. A música deles
em “YmmiJ” já tem nível internacional.