2017
Nacional
Nota: 9,1/10,0
Tracklist:
1. The March (of the Rotten Souls)
2. Terrorzone
3. Revolução Farroupilha
4. War Games to Die
5. Carniça
6. The Old Butcher
7. The Putrid Kingdom
8. Midnight Queen
Banda:
Mauriano Lustosa - Vocais
Parahim Neto - Guitarras, backing vocals
Marcelo Zabka - Baixo
Marlo Lustosa - Bateria
Convidados:
Augusto
Haack - Efeitos e teclados em “The March (of the Rotten Souls)”
Flávio Soares - Vocais em “The Putrid Kingdom”
Fábio Jhasko - Violinos em “Midnight Queen”
Contatos:
Site Oficial:
Twitter: www.twitter.com/carnicaband
Youtube: www.youtube.com/carnicareborn
Instagram: https://www.instagram.com/carnicaofficial/
Bandcamp:
Assessoria:
http://heavyandhellpress.com.br/carnica/ (Heavy and Hell Press)
E-mail:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Uma das mais admiráveis qualidades em muitas bandas é a resiliência,
ou seja, a capacidade delas, contra tudo e todos, resistirem às intempéries da
vida e permanecem vivas. E quando são citados certos nomes, por respeito, todo
Metalhead que se preza deveria baixar a cabeça em respeito. As marcas e cicatrizes
dos anos são medalhas para esses heróis. E de Novo Hamburgo (RS) vem o CARNIÇA, um autêntico Herói (com “H”
maiúsculo mesmo) do underground brasileiro. E o quarto disco deles, “Carniça”, mostra que o tempo para esses
gaúchos não passa.
26 anos de muita luta são capazes de lapidar muito bem o
talento de quem nasceu para fazer música, e o Thrash/Death Metal da banda se
mostra vigoroso, atual e agressivo como se fossem garotos, mas se percebe os arranjos
fluidos a experiência e os calos que uma vida no underground causa. Mas estes calos
é que fazem de “Carniça” um disco
precioso, que soa cheio de energia e tesão de fazer música. E se preparem, pois
não faltam energia e pegada!
“Carniça” mostra
a fúria e energia dos novatos associadas à sabedoria da experiência.
O grupo, juntamente com Augusto
Haack, assumiu a responsabilidade de produzir o disco. Embora a sonoridade
não esteja 100% aquilo que a banda merece, pois soa um pouco crua demais, com
os tons da caixa e algumas bases de guitarra aquém do que poderia ter sido. Mas
em termos de clareza, não há do que reclamar, a banda está em ótima forma, com
tudo bem claro.
E a arte visual ficou nas mãos de Eduardo Monteiro, que ficou ótima, com capa e contracapa formando
um painel único, e a arte mostra a banda em um cenário digno de filmes como “O Massacre da Serra Elétrica” e outros
do gênero.
O CARNIÇA é uma
banda que não se prende a rótulos. Apesar de serem tratados como uma banda de
Thrash/Death Metal, as melodias que fluem de vários riffs e solos é bem
sensível, conduções na bateria que não são lá muito convencionais, momentos
mais cadenciados e permeados de forte emoção, e muito mais. Sim, o grupo não
tem limites, usa de uma estética bem pensada na hora de fazer os arranjos, e
isso torna a audição de “Carniça” um
enorme prazer.
O disco é introduzido pela climática “The March (of the Rotten Souls)”, com melodias hipnóticas, ótimos
teclados, preparando o ouvinte para a pancada que é a rápida e diversificada “Terrorzone”, recheada de muitas
mudanças rítmicas, mostrando o talento de baixo e bateria. Mas mostrando que a
banda tem diversidade, uma introdução bem melancólica é o ponto de partida de “Revolução Farroupilha”, cantada em
português e mostra tempos mais cadenciados e riffs nervosos, sem falar que
guitarras e baixo estão mostrando adornos belíssimos, fora as melodias bem
sacadas dos solos. Com uma pegada mais voltada ao Thrash Metal (mas sem que
deixe de ter momentos mais extremos), temos “War Games to Die”, que mostra vocais muito bons (inclusive com
passagens mais limpas, longe do timbre esganiçado normal). Com um jeitão lento
envolvente vem “Carniça”, outra
cantada em português e cheia de momentos trampados onde as guitarras mostram
sua força, bastando reparar nos solos melodiosos (e sem falar que os vocais
estão muito bons mais uma vez). Também com um andamento mais lento e bem
abrasivo é “The Old Butcher”, mas
agora, aquele jeitão Techno Death Metal nos anos 90 surge de maneira
espontânea, e como a bateria está bem. Em “Putrid
Kingdom”, o grupo exibe uma técnica onde se contrastam momentos bem rápidos
com pegada Thrash Metal, e outros um pouco mais lentos onde a influência do
Death Metal é clara, e é legal ver a participação de Flávio Soares, do LEVIᴁTHAN nos vocais. E como de praxe nos discos da banda, uma versão atualizada
para uma banda que os influenciou, e dessa vez, temos uma versão aterrorizante para
o clássico “Midnight Queen”, do SARCÓFAGO, que tem a participação de Fábio Jhasko (guitarrista do quarteto mineiro na época da gravação original, hoje no PENTACROSTIC), que
tocou os violinos nessa versão, que ficou excelente, honrando a original, mas
pondo a personalidade do CARNIÇA nela.
Vale lembrar que o tema de “Revolução Farroupilha” tem a ver com um movimento contra os usos e abusos do Império contra o povo. E da mesma forma que Cabanada (insurreição popular, Pernambuco e Alagoas, de 1832 a 1835), Cabanagem (insurreição popular, Pará, de 1835 a 1840), Sabinada (insurreição popular, Bahia, de 7 de novembro de 1837-1838), Balaiada (insurreição popular, Maranhão, de 1838-1841), Revoltas Liberais (revolta liberal, São Paulo e Minas Gerais, em 1842), e mesmo a Guerra de Canudos (insurreição popular-messiânica, Bahia, de 1896 a 1897) são eventos históricos em que o povo lutou contra a opressão, vendo em estados independentes do Império do Brasil uma chance de respirarem aliviados sem os altos impostos da Coroa, e todos foram sufocados à força. Revoltas que deveriam inspirar o povo de hoje à revolta contra os abusos dos poderes Executivos e Legislativos, e não o separatismo entre nós, como brasileiros e Metalheads.
Vale lembrar que o tema de “Revolução Farroupilha” tem a ver com um movimento contra os usos e abusos do Império contra o povo. E da mesma forma que Cabanada (insurreição popular, Pernambuco e Alagoas, de 1832 a 1835), Cabanagem (insurreição popular, Pará, de 1835 a 1840), Sabinada (insurreição popular, Bahia, de 7 de novembro de 1837-1838), Balaiada (insurreição popular, Maranhão, de 1838-1841), Revoltas Liberais (revolta liberal, São Paulo e Minas Gerais, em 1842), e mesmo a Guerra de Canudos (insurreição popular-messiânica, Bahia, de 1896 a 1897) são eventos históricos em que o povo lutou contra a opressão, vendo em estados independentes do Império do Brasil uma chance de respirarem aliviados sem os altos impostos da Coroa, e todos foram sufocados à força. Revoltas que deveriam inspirar o povo de hoje à revolta contra os abusos dos poderes Executivos e Legislativos, e não o separatismo entre nós, como brasileiros e Metalheads.
Enfim, “Carniça”
mostra todo o poder da evolução, da experiência aliada à personalidade de uma
banda que se nega a desistir, que tem sangue nos olhos e que merece a audição
de todos.
Ouçam, comprem o disco e bons torcicolos!