segunda-feira, 2 de outubro de 2017

MOTHERWOOD - Motherwood (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 8,8/10,0


Tracklist:

1. Sadness                 
2. Despair                  
3. Solitude                 
4. Coldness                
5. Trauma                  
6. Faithlessness                     
7. Fear


Banda:


Guilherme - Vocais, guitarras, baixo, bateria
Yuri - Sintetizadores, bateria, ambientação e caos


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Bandcamp:
Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Nos anos 70, 80 e 90, bandas e músicos (e gravadoras) tinham o costume de lançarem Singles para a promoção de um disco vindouro. Hoje em dia, a estratégia ainda existe, seja no mundo dos discos físicos ou digitais, ou mesmo nas plataformas da internet. E se o Single do MOTHERWOOD (dupla de Americana, SP) já havia nos deixado uma ótima impressão, o primeiro álbum do grupo, “Motherwood”, confirma a idéia que estamos diante de uma banda de muita qualidade dentro do que se propõe a fazer.

O estilo da banda está inalterado: o mesmo Black Metal ríspido e soturno do Single, com a presença de vocais guturais aqui e ali, mas primando por uma música climática e cheia de partes sombrias. Óbvio que elementos extras fazem parte da mistura musical que deu origem à identidade sonora do MOTHERWOOD (como certos toques fúnebres de teclados, aparentemente oriundos do Doom Death Metal). Óbvio que o estilo deles não é inovador, outras bandas já fizeram e fazem algo assim, mas a diferença ficar pela abordagem mais pessoal que eles usam.

Assim como no Single, a produção é da própria dupla, mantendo uma sonoridade intensa, mórbida e gelada, mas com boa qualidade e timbres bem escolhidos. Essa crueza sonora é intencional, e faz parte do que a banda quer expor em termos musicais. Os timbres são bem ríspidos e crus, lembrando bastante a sonoridade das primeiras bandas da Second Wave of Black Metal, embora com mais cuidado e clareza (para que se compreenda o que eles estão fazendo). E a arte da capa e todo layout foram feitos com imagens em tons de preto, branco e cinzento, mantendo assim a aura introspectiva e densa que a dupla usa em suas canções.

Sem virtuosismos instrumentais, soando bem agressivo e impondo sua identidade, o MOTHERWOOD faz com que a audição do álbum seja bastante prazerosa. As variações de timbres vocais, as mudanças rítmicas e os arranjos fluídos ajudam a música a se tornar de fácil compreensão para os fãs do gênero. Ao mesmo tempo, as raízes na SWOBM estão ali, sólidas e firmes. E isso tudo junto faz com que “Motherwood” seja um disco ótimo.

As sete canções são longas e todas ótimas, e como já falamos antes de “Sadness” e “Coldness” (no review do single, que pode ser lido aqui), iremos nos ater às outras.

“Despair” começa mais rápida e agressiva, com foco nos riffs agressivos, mas logo fica bem cadenciada e melancólica, onde os teclados e vocais rasgados mostram sua força. A cadência do cortejo fúnebre chamado “Solitude” nos envolve completamente, usando de uma ambientação opressiva criada por guitarras e teclados (sem contar o peso denso de baixo e bateria). Em “Trauma” já mostra um lado mais tradicional em termos de Black Metal, com aquele jeitão de bandas como BURZUM e SATYRICON de inicio de carreira, mostrando uma técnica simples, mas envolvente. Soando um mixto de momentos mais ríspidos e outros mais introspectivos, “Faithlessness” tem uma atmosfera um pouco mais focada na agressividade da SWOBM, destacando os vocais. E o disco se encerra com a experimentalmente sinistra “Fear”, que é de deixar calafrios subindo pela espinha.

No mais, o MOTHERWOOD pode render bem mais, mas mesmo assim, eles fizeram de “Motherwood” um disco ótimo e marcante.

ALICE COOPER - Paranormal (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 9,5/10,0

Tracklist:

CD1:

1. Paranormal
2. Dead Flies
3. Fireball
4. Paranoiac Personality
5. Fallen in Love
6. Dynamite Road
7. Private Public Breakdown
8. Holy Water
9. Rats
10. The Sound Of A

CD2:

Gravações de estúdio com a formação original da Alice Cooper Band:

1. Genuine American Girl
2. You and All of Your Friends

Live in Columbia com a formação atual da Alice Cooper Band:

3. No More Mr. Nice Guy
4. Under My Wheel
5. Billion Dollar Babies
6. Feed My Frankenstein
7. Only Women Bleed
8. School’s Out


Banda:


Alice Cooper - Vocais, backing vocals em “Private Public Breakdown”
Nita Strauss - Guitarras, backing vocals
Tommy Henriksen - Guitarras, backing vocals
Ryan Roxie - Guitarras, backing vocals
Chuck Garric - Baixo, backing vocals
Glen Sobel - Bateria

Convidados:

Tommy Denander - Guitarras
Tommy Henriksen - Guitarras, backing vocals, percussão em “Paranoiac Personality”, “Dynamite Road” e “Rats”; efeitos sonoros em “Paranoiac Personality”, “Dynamite Road”, “Rats” e “The Sound of A”; teclados em “Rats”, backing vocals em “You and All of Your Friends”
Larry Mullen Jr. - Bateria
Bob Ezrin - Teclados em “Paranormal”, “Rats” e “Genuine American Girl”, órgão em “Fireball” e “The Sound of A”, efeitos sonorous em “Paranoiac Personality”, backing vocals em “Private Public Breakdown” e “You and All of Your Friends”
Roger Glover - Baixo em “Paranormal”
Billy Gibbons - Guitarras em “Fallen in Love”
Jimmy Lee Sloas - Baixo em “Dead Flies”, “Paranoiac Personality”, “Fallen in Love”, “Dynamite Road”, “Private Public Breakdown” e “Holy Water”
Dennis Dunaway - Baixo em “Fireball”, “Rats”, “The Sound of A”, “Genuine American Girl” e “You and All of Your Friends”
Parker Gispert - Guitarras e Backing vocals em “Private Public Breakdown”
Steve Hunter - Guitarra solo em “Holy Water”, guitarras em “Genuine American Girl” e guitarra solo em “You and All of Your Friends”
Demi Demaree - Backing vocals em “Holy Water” e “The Sound of A”
Johnny Reid - Backing vocals em “Holy Water” e “The Sound of A”
Jeremy Rubolino - Trompa em “Holy Water”
Adrian Olmos - Trompa em “Holy Water”
Chris Traynor - Trompa em “Rats”
Michael Bruce - Guitarras em “Rats”, “Genuine American Girl” e “You and All of Your Friends”
Neal Smith - Bateria em “Rats”, “Genuine American Girl” e “You and All of Your Friends”
Nick Didkovksy - Guitarras em “Fireball”, “The Sound of A” e “You and All of Your Friends”


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia

É fato que todos nós tivemos ou temos aquele irmão do nosso pai ou de nossa mãe com quem nossa identificação é mais forte. E creio que em termos de Rock ‘n’ Roll/Heavy Metal, poucos são os desnaturados que não tenham ligações com Tia ALICE COOPER, um dos nomes mais lendários do meio.  E mesmo com mais de 50 anos na ativa, lá vem mais uma bela estória de horror de nosso herói: “Paranormal”, seu vigésimo sétimo disco de estúdio do verdadeiro Príncipe das Trevas do Rock. E a Shinigami Records colocou o disco no mercado nacional em sua versão dupla Digipack!

Mesmo após tantos anos, um trabalho de ALICE COOPER continua ótimo, mantendo o nível de discos do passado. Óbvio que falamos de discos clássicos dele, não algumas pisadas na bola que ocorreram. “Paranormal” mostra a Tia revisando seu estilo mais clássico, despojado e sedutor, lembrando bastante a pegada de discos como “Billion Dollar Babies”, “Alice Cooper Goes to Hell” e “Constrictor”, ou seja, aquele Hard ‘n’ Roll clássico que estamos acostumados a ouvir, com alguns momentos mais pesados. E como de praxe da nossa titia desde que começou sua carreira solo, o disco é cheio de convidados que dão um brilho especial ao álbum.

Ou seja: se preparem, pois ALICE COOPER veio contar mais uma estória de horror recheada de por ótimas músicas.

Na produção, o veterano Bob Ezrin (que trabalhou com Alice em sua fase mais áurea nos anos 70), juntamente com Tommy Henriksen e Tommy Denander, moldaram uma sonoridade bem cuidada e moderna para “Paranormal”, sabendo dar aquele clareza necessária para que tudo soe em alto nível, mas sem exagerar e fazer com que  as músicas percam sua espontaneidade. Se repararem, existe um feeling bem “old” no disco, aquele toque anos 70 essencial.

A arte da capa, por sua vez, mostra a figura icônica da Tia com duas cabeças, representando a loucura e a insanidade (pois não há um lado normal no tocante a ALICE COOPER, ainda bem), e ficou ótima.

O que um veterano como ALICE COOPER ainda pode oferecer ao mundo do Rock ‘n’ Roll e Hard Rock? Música de alto nível, uma aula de como se faz Rock de primeira, envolvente, com um trabalho caprichado nas composições, refrão ganchudo encima de refrão ganchudo, e uma musicalidade que é facilmente digerida pelo ouvinte.

Se não temos em “Paranormal” um dos melhores momentos de ALICE COOPER, tenham certeza que ele não os decepcionará de forma alguma.

No CD 1, temos o álbum em si, com a sinistra e envolvente “Paranormal” com suas mudanças de clima (entre o pesado e o introspectivo, onde temos a participação do baixista Roger Glover, do DEEP PURPLE), a energia mais crua e intensa de “Dead Flies” e seu jeitão Hard, o andamento ganchudo e pesado de “Fireball” (reparem bem na presença de ótimas guitarras e um refrão que se ouve uma vez e gruda na mente), os backing vocals na cadenciada “Paranoiac Personality”, a pegada Blues/Rock suja de “Fallen in Love” (também, com a participação de Billy Gibbons do ZZTOP nas guitarras, o que poderíamos esperar?), o peso melodioso bem Hard anos 80 de “Private Public Breakdown” e seu belo trabalho de baixo e bateria, a engraçadinha e provocante “Holy Water”, o Rock ‘n’ Roll provocante e despretensioso de “Rats”, e a balada pesada e introspectiva em “The Sound of A” (adornada com um belo trabalho de teclados e órgão), canções que mostram que a Tia mais aloprada do Rock ainda está longe de se aposentar.

Mas não acabou. Não senhor, a tortura nunca acaba quando se fala da querida Titia.

Supreendentemente, no CD 2, temos duas pérolas: a provocante e acessível “Genuine American Girl” e a porrada Hard ‘n’ Roll setentista de “You and All of Your Friends”, ambas reunindo os membros originais da ALICE COOPER BAND, ou seja, os velhinhos Michael Bruce (guitarras), Dennis Dunaway (baixo), e Neal Smith (bateria) estão tocando nela como os garotos de antes (menos o guitarrista Glen Buxton, que faleceu em 1997). E para fechar e coroar o disco, versões ao vivo do hino “No More Mr. Nice Guy”, “Under My Wheel”, “Billion Dollar Babies”, “Feed My Frankenstein”, “Only Women Bleed”, e “School’s Out”, todas gravadas em um show em Columbia, mostrando que a energia de Alice parece não ter fim.

Torno a dizer: mesmo não sendo o melhor disco de ALICE COOPER, “Paranormal” é um disco e tanto, e melhor que muitos sobrinhos da Titia que andam perdidos por aí ou insistem em se prender ao passado.