2017
Selo: Heavy Metal Rock
Nacional
Nota: 8,8/10,0
Tracklist:
1. Sadness
2. Despair
3. Solitude
4. Coldness
5. Trauma
6. Faithlessness
7. Fear
Banda:
Guilherme - Vocais, guitarras, baixo, bateria
Yuri - Sintetizadores, bateria, ambientação e caos
Contatos:
Site Oficial:
Twitter:
Instagram: http://instagram.com/motherwood_official
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail: motherwoodofficial@gmail.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Nos anos 70, 80 e 90, bandas e músicos (e gravadoras) tinham
o costume de lançarem Singles para a promoção de um disco vindouro. Hoje em
dia, a estratégia ainda existe, seja no mundo dos discos físicos ou digitais, ou
mesmo nas plataformas da internet. E se o Single do MOTHERWOOD (dupla de Americana, SP) já havia nos deixado uma ótima
impressão, o primeiro álbum do grupo, “Motherwood”,
confirma a idéia que estamos diante de uma banda de muita qualidade dentro do
que se propõe a fazer.
O estilo da banda está inalterado: o mesmo Black Metal
ríspido e soturno do Single, com a presença de vocais guturais aqui e ali, mas
primando por uma música climática e cheia de partes sombrias. Óbvio que
elementos extras fazem parte da mistura musical que deu origem à identidade sonora
do MOTHERWOOD (como certos toques
fúnebres de teclados, aparentemente oriundos do Doom Death Metal). Óbvio que o
estilo deles não é inovador, outras bandas já fizeram e fazem algo assim, mas a
diferença ficar pela abordagem mais pessoal que eles usam.
Assim como no Single, a produção é da própria dupla,
mantendo uma sonoridade intensa, mórbida e gelada, mas com boa qualidade e
timbres bem escolhidos. Essa crueza sonora é intencional, e faz parte do que a
banda quer expor em termos musicais. Os timbres são bem ríspidos e crus,
lembrando bastante a sonoridade das primeiras bandas da Second Wave of Black
Metal, embora com mais cuidado e clareza (para que se compreenda o que eles
estão fazendo). E a arte da capa e todo layout foram feitos com imagens em tons
de preto, branco e cinzento, mantendo assim a aura introspectiva e densa que a
dupla usa em suas canções.
Sem virtuosismos instrumentais, soando bem agressivo e
impondo sua identidade, o MOTHERWOOD faz
com que a audição do álbum seja bastante prazerosa. As variações de timbres
vocais, as mudanças rítmicas e os arranjos fluídos ajudam a música a se tornar
de fácil compreensão para os fãs do gênero. Ao mesmo tempo, as raízes na SWOBM
estão ali, sólidas e firmes. E isso tudo junto faz com que “Motherwood” seja um disco ótimo.
As sete canções são longas e todas ótimas, e como já falamos
antes de “Sadness” e “Coldness” (no review do single, que
pode ser lido aqui),
iremos nos ater às outras.
“Despair” começa
mais rápida e agressiva, com foco nos riffs agressivos, mas logo fica bem
cadenciada e melancólica, onde os teclados e vocais rasgados mostram sua força.
A cadência do cortejo fúnebre chamado “Solitude”
nos envolve completamente, usando de uma ambientação opressiva criada por
guitarras e teclados (sem contar o peso denso de baixo e bateria). Em “Trauma” já mostra um lado mais tradicional
em termos de Black Metal, com aquele jeitão de bandas como BURZUM e SATYRICON de
inicio de carreira, mostrando uma técnica simples, mas envolvente. Soando um
mixto de momentos mais ríspidos e outros mais introspectivos, “Faithlessness” tem uma atmosfera um
pouco mais focada na agressividade da SWOBM, destacando os vocais. E o disco se
encerra com a experimentalmente sinistra “Fear”,
que é de deixar calafrios subindo pela espinha.
No mais, o MOTHERWOOD
pode render bem mais, mas mesmo assim, eles fizeram de “Motherwood” um disco ótimo e marcante.