sábado, 26 de agosto de 2017

EVIL SENSE - Fight for Freedom (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 8,7/10,0

Tracklist:

1. No More Lies
2. Embrace of Death
3. Império Headbanger
4. Traveling by Warriors Land
5. Force and Honor
6. Unit 731
7. Thrash Anger
8. Fight for Freedom
9. Evil Sense


Banda:


Wagner “Capú” - Vocais, guitarras
Thiago “Suco” - Guitarras
Hugo Rodrigues - Baixo
Ricardo Alves - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria: http://www.metalmedia.com.br/evilsense/ (Metal Media)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Muito da fragmentação do Metal nacional nasce do radicalismo musical. E ele é ramificado em vários aspectos danosos, e é visto com mais clareza no meio das bandas com som mais retrô, especialmente nas que rebuscam o som dos anos 80. Não existe “radicalismo consciente” ou “radicalismo essencial”, apenas distorções de um grande mal que nos assola e enfraquece como cenário musical. E é uma pena tão poucos serem agregadores, como o quarteto EVIL SENSE, de São Paulo. Uma banda experiente, lutou por 17 anos, mas por fim, chegaram ao seu primeiro disco, “Fight For Freedom”.

O trabalho do quarteto é claramente influenciado pelos anos 80, aquele formato Thrash/Speed Metal de raiz, quando bandas como EXODUS, SLAYER, DESTRUCTION, SLAYER da fase “Show No Mercy” e outros ainda buscavam o santo Graal do gênero. Mas o mais interessante é que eles não se furtam de usar elementos do Metal tradicional, do Crossover e mesmo do Death Metal em seu trabalho, agregando valor e identidade à sua música. O mais legal é que a referência Old School não tornou o trabalho deles datado ou bolorento, mas vibra com energia e identidade. E isso os diferencia de uma legião de clones Old School do Brasil.

A sonoridade reflete a dificuldade de uma luta de 3 anos. Apesar de não ser a ideal (pois soa mais crua do que o necessário), Alexdog (baixista/vocalista da banda TENEBRÁRIO) e o próprio quarteto se esforçaram por uma sonoridade que fosse boa e pesada, além de clara, com a idéia da banda em rebuscar um pouco o som dos anos 80. Ficou a contento, mas poderia ser bem melhor, embora os timbres instrumentais estejam muito bons. Mas torno a dizer: se lerem por aí como foi sofrido o processo para eles, mais as dificuldades econômicas que nosso país passa há dois anos, vocês entenderão ainda mais o grupo. Mais uma vez, indico uma sonoridade semelhante ao que o TOXIC HOLOCAUST e o ENFORCER estão fazendo em termos sonoros nos últimos discos, pois resgatam o feeling dos anos 80, mas com uma qualidade mais limpa.

A arte gráfica, por sua vez, ficou nas mãos da A arte da capa ficou nas mãos da Pirate Fox Design, mostrando-se simples e funcional, mas bem acabada. Ou seja: antenada com que o grupo faz musicalmente.

Se o trabalho do EVIL SENSE não prima pela originalidade, tem uma essência única uma identidade forte e bem agressiva. E as músicas são muito boas, com passagens onde todos os clichês dos anos 80 aparecem, mas com uma roupagem diferente, com bons arranjos de guitarra, solos eficientes, vocais com timbres agressivos quase que “hardcorizados”, baixo e bateria com boa técnica e apelando para a brutalidade vez por outra.

“Fight for Freedom” é um disco muito bom, com 9 faixas bem legais e que empolgam. Mas se destacam a agressiva e com aquele jeitão Thrasher alemão dos anos 80 “No More Lies” (belo trabalho de baixo e bateria, com momentos em que os bumbos duplos trabalham bastante), as linhas melódicas puramente Heavy Metal de “Embrace of Death” (que riffs ganchudos e solos melodiosos bem feitos), a demolidora de pescoços “Traveling by Warriors Land” (uma instrumental excelente, onde se percebe que o grupo é muito bom em termos instrumentais, usando de uma técnica musical bem eclética, onde baixo e bateria mostram bastante como são bons, mas as guitarras são muito afiadas), a longa e climática “Force and Honor” (com um peso absurdo e muitas variações de ritmo, onde o baixo mostra uma fluidez técnica à lá Steve Harris, e a bateria exibe um peso cavalar), a envolvente energia que flui das melodias mais rasgadas de “Thrash Anger” (os vocais estão muito bem, verdade seja dita), as variações de ritmos que permeiam “Fight for Freedom”, e o trabalho intenso das guitarras e dos vocais à lá Lemmy em “Evil Sense” (que possui ótimos solos e até mesmo alguns vocais femininos).

O EVIL SENSE é cheio de pontos positivos, tem muito a evoluir e a oferecer musicalmente. E acertando a mão na produção sonora, e mesclando tantas influências e com a mente aberta que demonstram agora, ninguém segura esses sujeitos!

Ponho fé e acredito neles!

WEAKLESS MACHINE - Manipulation (Álbum)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 9,6/10,0

Tracklist:

1. Manipulation
2. Get Ready
3. Tarred With the Same Brush
4. Burning All
5. Death Knocks On My Door
6. Kill
7. Pain
8. Tribal Wars
9. Unbroken


Banda:


Jonathan Carletti - Vocais
Fernando Cezar Junior - Guitarras
Gustavo Razia - Baixo
Luke Santos - Bateria


Contatos:

Bandcamp:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


E eis que uma das grandes revelações do ano mostra a cara.

Vindo de Porto Alegre (RS), o trio WEAKLESS MACHINE já chega na voadora com “Manipulation”, seu primeiro álbum, mostrando que com eles, limites, estilos e definições só servem para serem pulverizados! Sim, eles estão a fim de fazer algo diferente, e estão querendo fazer troos bobos arrancarem os cabelos de raiva, recalque e inveja!

O rótulo Modern Metal lhes cai bem, mas nem de longe é capaz de explicar a imensidão criativa do grupo. Eles usam de tradicional, Thrash Metal, Metalcore, alguns toques de música regional brasileira, e seja lá mais o que for para criar uma música única, agressiva e cheia de melodia, mas agressiva, permeada por um Groove moderno e envolvente. Se me permitem fazer uma comparação, estamos diante do PRONG brasileiro. Sim, eles são bem diferenciados, não tem jeito. E sua música é agressiva, mas com melodias envolventes, cheia de energia e personalidade. É para bater cabeça até o pescoço doer!

Explicando em poucas palavras: é único e ótimo!

A produção sonora é de primeira, mais um trabalho excelente de Renato Osório (guitarrista do HIBRIA), que soube dar ao grupo uma qualidade sonora mais do que adequada para a música deles: pesada, intensa, azeda nos locais certos, mas cristalina, o que faz com que o ouvinte consiga absorver melhor o que essas caras fazem musicalmente. E os tons dos instrumentos estão ótimos, agigantando o trabalho deles.

A arte da capa é de Tiago Masseti, com uma imagem bem soturna e visualmente agressiva, uma clara referência ao futuro que aguarda a humanidade se continuarmos nesse caminho. E ela transparece a música do grupo.

Sem dó dos pescoços alheios, o WEAKLESS MACHINE veio para causar alvoroços (e queixas por parte dos “troos” haters de internet), pois o grupo simplesmente se nega a seguir padrões. Eles seguem apenas a intuição deles, e dane-se o que os outros pensarem. E nisso, eles criam arranjos fascinantes, pegadas bem envolventes e melodias ganchudas, mas sempre com uma agressividade de chega a pingar dos falantes.

O disco inteiro é ótimo, com muitos momentos que não saem da cabeça. Mas a agressividade bruta e bem arranjada de “Manipulation” (com doses de Groove percussivo bem evidente, onde baixo e bateria se destacam), as passagens opressivas de “Get Ready” e sua saraivada de riffs criativos e refrão marcante, a modernosa e veloz “Tarred With the Same Brush” e seu belo trabalho nos vocais e guitarras, a intimista e soturna “Death Knocks On My Door” (que mostra um lado ousado e bem sensível da banda em especial dos vocais mais melodiosos e com timbres limpos), o azedume moderno e explosivo de “Kill” (novamente, muito Groove e agressividade), e o espancamento turbulento e com guitarras sinuosas de “Tribal Wars” se sobressaem. E vejam que nesse disco, isso é algo muito difícil.

Ouçam, amem ou odeiem, mas admitam: o WEAKLESS MACHINE veio trazer algo novo, e se no primeiro disco já estão assim, mal posso esperar pelo sucessor de “Manipulation”!


EZOO - Feeding the Beast (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 9,3/10,0

Tracklist:

1. You are Your Money
2. The Flight of the Sapini
3. C’est La Vie
4. Guys from God
5. Feeding the Beast
6. Eyes of the World
7. Colder than Cool
8. Too High to be Falling
9. Motorbike
10. Since You Been Gone
11. Don’t Look Back
12. Coda


Banda:


Graham Bonnet - Vocais
Dario Mollo - Guitarras
Dario Patty - Baixo, teclados
Roberto Gualdi - Bateria

Convidados:

Guido Black - Baixo, backing vocals em “Eyes of the World” e “Since You Been Gone”


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Graham Bonnet:

Bandcamp:
Assessoria:



Dario Mollo:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Juntar duas feras (em termos musicais) é sempre um trabalho bem difícil, já que sempre há o problema de agendas. Mas quando acontece, saiam de baixo: vem coisa boa por aí. E o EZZO nada mais é que um projeto de dois músicos fenomenais: o guitarrista italiano Dario Mollo (conhecido por trabalhar com músicos como Glenn Hughes e Tony Martin) e do célebre vocalista Graham Bonnet (famoso por seus trabalhos com RAINBOW, MSG, ALCATRAZZ e IMPELLITTERI), acompanhados do baixista/tecladista Dario Patty e do baterista Roberto Gualdi (o primeiro é companheiro de Dario no CROSSBONES, VOODOO COLINA e THE CAGE, enquanto o segundo é do THE CAGE). E o que “Feeding the Beast” tem que nos chama atenção??? Simplesmente música do mais alto gabarito, e a Shinigami Records nos presenteia com esse discão em versão nacional!

Em termos de estilo, aqui você tem o bom e velho Hard Rock/Classic Rock que já se conhece dos trabalhos deles. A diferença está na fusão da voz marcante e forte de Graham com o estilo fluido e virtuoso de Dario. Óbvio que pensarão nos trabalhos anteriores deles, mas acho melhor terem calma, pois justamente por ser um projeto, tudo em “Feeding the Beast” é mais solto e espontâneo, sem pretensões de reinventar a roda ou de se exibirem. Longe disso: o trabalho é centrado nas canções, e por isso é tão maravilhosamente envolvente. Cada refrão é excelente, as músicas transitam de uma para a outra de forma espontânea, cheias de feeling e lindas linhas melódicas, mas com boa dose de peso.

A produção foi toda feita por Dario no Damage Inc. Studio, o que garantiu controle sobre a obra. E vemos que ele fez uma produção de primeira, sóbria e sem muitas firulas, para não perder o feeling mais orgânico e livre das canções. A qualidade sonora é clara, com uma estética excelente e ótimos timbres instrumentais. Tudo soa coeso e em seu devido lugar. A arte gráfica do disco é escura, com as letras em branco, fazendo que todas as atenções fiquem somente na música do quarteto.

Como já dito, a música do EZOO é bem espontânea e sem a pretensão de salvar o Rock ‘n’ Roll e o Heavy Metal. Percebe-se que “Feeding the Beast” é um disco que converge musicalmente para a vontade mútua de Graham e Dario trabalharem em algo juntos. E, além disso, na mão deles, as canções não soam datadas, mas bem pesadas e atuais, mesmo em seus momentos mais ternos.

O disco é bom de ponta a ponta, sem exageros ou músicas que se destaquem. Mas este autor (após um esforço enorme) se atreve a citar a provocante e envolvente “You are Your Wallet” e seu peso agradável (além de belos arranjos de guitarra e vocais bem postados), a mais atual e intensa “C’est La Vie” e sua riqueza de arranjos de guitarra (for baixo e bateria estarem muito bem e coesos), o peso boogie presente na pegajosa “Guys from God”, a intensa e diversificada “Feeding the Beast” e suas passagens que se alternam entre melodias mais intimistas e momentos mais secos (reparem na beleza dos arranjos de guitarra e solos, bem como nos teclados, e tudo isso em 11 minutos que passam ligeiros), “Colder than Cool” e “Too High to be Falling” (ambas com um jeitão de Classic Rock modernizado e com belo trabalho dos vocais), a “hardoza” com um jeitão meio anos 80 “Motorbike”, o peso das guitarras com um tempero melodioso dos teclados em “Don’t Look Back”, e as instrumentais “The Flight of the Sapini” (onde a guitarra chega a soltar fumaça pela rapidez de Dario) e “Coda” (em que um ado mais sensível e melancólico das seis cordas está evidenciado).

Acabou?

E vocês acreditam que eu deixaria de for a as versões do EZOO para “Eyes of the World” (do RAINBOW) e “Since You Been Gone” (que o RAINBOW popularizou, mas que é de Russ Ballard, mesmo autor de “God Gave Rock ‘n’ Roll To You 2”) de fora? A primeira mostra o lado mais seco e agressivo do Hard Rock, com enfoque nas guitarras, enquanto a segunda é um clássico, cheia de melodia e boa presença de teclados, baixo e bateria (mas com um refrão único e marcante). E em ambas, os vocais são perfeitos.

Quando dois monstros se juntam para fazer música, e o foco fia somente nela, não tem erro. O EZOO é assim, e “Feeding the Beast” é um disco daqueles que se ouve todos os dias, e várias vezes!



MORTIFER RAGE - Fall of Gods (Álbum)


2017
Selo: Impaled Records
Nacional

Nota: 8,3/10,0


Tracklist:

1. Intro
2. Ethnocentrims
3. Religious Necrosis
4. The Hammer
5. Immolation
6. Tunisian Storm (Instrumental)
7. No Masters, No God
8. Doctrines of Death
9. Hate, my Offer
10. Redeption Blade
11. Genocide of Minds
12. Sword and Blood


Banda:


Carlos ‘Pira’ - Vocais, baixo
Robert Aender - Guitarras
Ramon C. - Guitarras
Wesley Adrian - Bateria


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Bandcamp:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O que diferencia uma banda jovem de uma mais antiga?

Basicamente, as bandas de Metal, mesmo que evoluam muito, raramente deixam o estilo inicial. Ou seja: uma banda de Death Metal continuará sendo uma banda de Death Metal. Novamente: raros casos ocorrem em que há uma troca, mas se nasceu bruto, vai morrer bruto. E podemos aferir que o veterano MORTIFER RAGE, de Santa Luzia (MG) nasceu Death Metal e será assim até o fim. Mesmo com quase 20 anos de luta no underground, o que se ouve em “Fall of Gods” é a mais pura expressão do Death Metal Ols School.

Sim, estilisticamente falando, o grupo não mudou em nada seu estilo clássico, que remete à velha escola do Death Metal dos anos 90: sujo, agressivo, ora mais veloz e esporrento, ora mais cadenciado e azedo, mas sempre pesado e bruto como um mamute. Apenas se percebe que sua música (que tem clara influência das escolas bretã e norte americana) amadurece, se torna mais encorpada com o passar do tempo, mas sem perder a identidade traçada lá no já distante 1999, quando o grupo foi fundado. E com tudo, ainda esboça forte personalidade.

É ouvir e ver os ouvidos sangrando!

Produzido, mixado e masterizado por André Damian, podemos dizer que “Fall of Gods” tem uma sonoridade muito boa, e que transparece o DNA Old School do quarteto: crua e agressiva, mas com uma estética clara, ou seja, há a preocupação que o grupo seja compreendido. Pode não ser perfeita, mas a qualidade do áudio está muito boa.

A arte da capa é ótima, uma criação de Marlon Lima, que deixa clara a atitude lírica do quarteto. Já o design do encarte é de Marco Túlio Alves, que fez uma diagramação mais simples, mas funcional e que encaixa em todo contexto visual do grupo.

Se pudermos aferir uma palavra que traduza o que “Fall of Gods” representa ela é “maturidade”. Sim, o MORTIFER RAGE mostra-se mais maduro e consciente de seu potencial, buscando sempre ser diferente da maioria das bandas do estilo. E conseguem isso graças ao “approach” um pouco mais técnico, nos moldes de bandas como MORBID ANGEL e IMMOLATION.

Musicalmente, “Fall of Gods” é um passo adiante em termos de evolução musical, com destaque para a explosão de agressividade de “Ethnocentrims” e sua técnica brutal (boas mudanças de ritmo e um trabalho de primeira de baixo e bateria), a brutal e azeda como fel “Religious Necrosis” (riffs raivosos e cheios de sutilezas interessantes) e de “The Hammer” (ritmo alternando bastante, com ótimos vocais guturais), a força dos arranjos de guitarras presentes em “No Masters, No God”, a velocidade opressiva de “Doctrines of Death”, e as regravações de “Redeption Blade” e “Genocide of Minds” (ambas presentes do EP “Field of Flagellation”, de 2013).

O MORTIFER RAGE pode ser considerado uma instituição do gênero pelos anos de luta, e “Fall of Gods” os leva a outro patamar em termos musicais.

BLIND GUARDIAN - Live Beyond the Spheres (Triplo CD ao vivo)


2017
Selo: Shinigami Records, Nuclear Blast Brasil
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Tracklist:

Disco 1:

1. The Ninth Wave
2. Banish from Sanctuary
3. Nightfall
4. Prophecies
5. Tanelorn
6. The Last Candle
7. And Then There Was Silence

Disco 2:

1. The Lord of the Rings
2. Fly
3. Bright Eyes
4. Lost in the Twilight Hall
5. Imaginations From the Other Side
6. Into the Storm
7. Twilight of the Gods
8. A Past and Future Secret
9. And the Story Ends

Disco 3:

1. Sacred Worlds
2. The Bard’s Song (In the Forest)
3. Valhalla
4. Wheel of Time
5. Majesty
6. Mirror Mirror


Banda:


Hansi Kürsch - Vocais
André Olbrich - Guitarra solo, backing vocals
Marcus Siepen - Guitarra base, backing vocals
Frederik Ehmke - Bateria, percussão

Convidados:

Barend Courbois - Baixo, backing vocals
Michael Schüren - Teclados, backing vocals


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Falar do BLIND GUARDIAN é quase que fazer chover em terra molhada, já que poucas bandas atualmente possuem a projeção do quarteto alemão de Krefeld. São um dos poucos nomes que cresceram e se firmaram nos anos 90, considerado por muitos como uma década negra para o Metal, criando para si um nicho especial dentro do cenário mundial, além de lançarem clássicos absolutos como “Imaginations From the Other Side” e “Nightfall in the Middle-Earth”. Mas erra quem pensa que a melhor fase do grupo passou ou que estejam já sem vigor. Prova disso é o triplo CD ao vivo “Live Beyond the Spheres”, lançado em Junho passado e que chega ao Brasil com sua versão nacional, lançada pela Shinigami Records em sua parceria com a Nuclear Blast Brasil.

Mas o que ainda resta ao Guardião Cego após tantos anos? Como eles ainda podem nos surpreender?

Primeiramente, a banda ousou, já que pela primeira vez, eles chegam com um triplo ao vivo, gravado durante a turnê de 2015, que divulgou o álbum “Beyond the Red Mirror” (seu último trabalho de estúdio). Só isso já nos faz ter idéia do que estes alemães trouxeram.

Segundo, e mais importante, em “Live Beyond the Spheres” existem não apenas músicas do disco mais recente (apenas três, “The Ninth Wave”, “Prophecies” e “Twilight of the Gods”), mas muitos clássicos e mesmo algumas músicas que eles não tocavam ao vivo há um bom tempo. E digamos de passagem: um disco ao vivo conseguir varrer mais de 30 anos de uma carreira sólida e cheia de grandes músicas é praticamente impossível. Mas este triplo ao vivo chega perto de conseguir isso!

Produzir esse disco não foi simples, verdade seja dita. Escolher o repertório entre versões de 30 shows não foi algo simples, como algumas declarações de Hansi na imprensa deixam isso claro. Mas para realizar tal intento, o trabalho de Sascha Helmstädt e Peter Brand na gravação (ou seja, a captação sonora dos shows), mais a mixagem e engenharia sonora de Charlie Bauerfeind e a masterização de Darcy Proper foram perfeitos, já que a sonoridade do disco é perfeita. Sim, em termos de produção sonora “Live Beyond the Spheres” é uma das melhores qualidades sonoras de um disco ao vivo que este autor já ouviu, conseguindo mostrar a força e complexidade da música do grupo durante um show, bem como capta bem as reações do público, e se percebe a energia da banda ao vivo.

Além dos aspectos sonoros, os esforços da arte gráfica ficaram ótimos, já que o trabalho de Andrea Christen (capa e design) ficou excelente, com uma apresentação linda nesse formato Digipack imenso e de qualidade. E para ficar ainda melhor, as fotos dos shows, creditadas a Hans-Martin Issler e Rodrigo Simas, todas com a diagramação feita por Felix Olschewski, deram uma enriquecida muito grande ao disco.

Resta uma pergunta a ser respondida: a banda ainda tem força em seus shows ao vivo?

Bem, 33 anos (contando os anos em que o nome do grupo ainda era LUCIFER’S HERITAGE) não são 33 minutos, logo, a idade pesa. Os vocais de Hansi há um bom tempo se readaptaram, evitando o uso constante dos tons altos e esganiçados do passado (percebe-se isso claramente em “Bright Eyes” e “Imaginations from the Other Side”, mas isso não quer dizer que ele abandonou totalmente essas partes vocais), mas se perdeu um pouco da agressividade, ganhou em elegância (já que a voz do homem é belíssima), e ele continua com fôlego privilegiado, enquanto André, Marcus e Frederik estarem em ótima forma, bem como os músicos contratados Barend e Michael cumprem muito bem seus papéis. E diferente de algumas bandas mais clássicas com vocalistas que perdem a voz ao vivo e outras que tiveram que diminuir os tempos e baixar a afinação, o BLIND GUARDIAN ainda se mantém inteiro, sem chegar a isso. Nem mesmo a complexidade progressiva do grupo é alterada ao vivo.

Falando do repertório: são 22 músicas distribuídas em 3 CDs, logo se percebe que as canções estão com a duração próxima das originais de estúdio, logo, se preparem, pois realmente, o nível do disco é alto!

Do disco 1, impossível não destacar peças como “The Ninth Wave” e sua complexidade técnica, da energia cativante de “Banish from Sanctuary”, a força da clássica “Nightfall” (com a participação ativa do público e lindas partes de teclados, mostrando que Michael não está ali por mero acaso), a embalante “Tanelorn” e a arrasadora “And Then There Was Silence”.

O disco 2 é cheio de clássicos. E como não falar da ótima “The Lord of the Rings” (um dos hinos mais antigos da banda), a trica de ouro formada por “Bright Eyes”, “Imaginations From the Other Side” e “Into the Storm” (onde tanto Hansi como André e Marcus estão perfeitos, e reparem bem como os vocais estão ótimos, mesmo diferentes), e a matadora e climática “And the Story Ends”.

Encerrando a festa, no disco 3, temos a clássica canção dos fãs, “The Bard’s Song (In the Forest)” (percebam como o público acompanha a banda perfeitamente), um dos primeiros clássicos do grupo, “Valhalla” (do segundo disco do grupo, “Follow the Blind”, com uma energia ainda entre o Speed Metal e o Power Metal, apresentando um trabalho primoroso das guitarras), a ótima “Majesty” (que vem de “Batallions of Fear, primeiro álbum do grupo, e é cheia de uma energia mais crua, onde é a vez de Frederik e Barend brilharem), e fechando, uma das músicas mais marcantes e apoteóticas do BLIND GUARDIAN, “Mirror Mirror” (o público participa ativamente cantando durante o refrão, sem mencionar que os vocais estão ótimos, as guitarras magistrais, baixo e bateria perfeitos, e teclados dando aquela perfeita ambientação à música).

E os Bardos do Metal continuam sua saga e não parece que irão parar tão cedo. E “Live Beyond the Spheres” é um excelente disco ao vivo, merece aplausos e a aquisição, mesmo que você não seja fã do grupo.




WITCHOUR - Night Hag/El Pacto (EP)


2017
Selo: Las Brujas Records
Importado

Nota: 9,0/10,0

Músicas:

1. Night Hag
2. El Pacto


Banda:


Alejandro Souza - Vocais
Ezequiel Catalano - Guitarras
Federico Rodriguez - Guitarras
Marco Ignacio Toba - Baixo
Javier Cuello - Batería


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Assessoria: http://www.metalmedia.com.br (Metal Media)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A Argentina possui um cenário muito semelhante ao do Brasil: com uma longa história, raízes profundas, cheio de ótimas bandas e com enorme diversidade estilística. Mas não parece a este autor que os Hermanos, em termos de Metal, sofram do mesmo radicalismo conservador do nosso país. E um ótimo exemplo vem em “Night Hag/El Pacto”, novo EP do quinteto WITCHOUR, de Buenos Aires.

O grupo pratica uma forma coesa e pesada de Metal moderno à lá SOILWORK e IN FLAMES em suas fases mais atuais, ou seja, um estilo agressivo e pesado, com timbres secos e brutais, mas recheado de belas melodias, com vocais opressivos se intercalando com vozes limpas mais melódicas. Podemos dizer que é mezzo Metalcore e mezzo Death Metal melódico moderno, embora esta simplificação não lhes faça justiça de todo.

Em poucas palavras: é uma música ótima para os ouvidos!

A sonoridade que temos no EP é fluída, clara e pesada, com ênfase no lado moderno da música do grupo. A produção e gravação de Ezequiel Catalano em La Cueva de las Brujas, mais a mixagem e masterização de Nicolás Ghiglione no Pgm Studios. Tudo isso garantiu ao quinteto uma qualidade sonora de alto nível, altamente profissional que nos permite compreender sua música claramente, bem como sobram peso e agressividade. E a arte da capa, feita por Julian Ciceri (Arto Taller) é muito boa, trabalhada apenas em preto e branco.

Um pouco mais melodioso que o material ouvido no EP anterior (“The Haunting”, de 2015), o quinteto está esbanjando energia e juventude, garra e peso. Sua música é bem acabada, com arranjos minimalistas extremamente bem feitos (sem que suas canções percam a espontaneidade), e mostram um valor enorme. Houve apenas uma mudança na formação, já que o baixo está nas mãos de Marco Ignacio Toba agora, mas a coerência de antes permanece.

“Night Hag” tem uma pegada cheia de energia e empolgante, com ótimo refrão, vocais de primeira e riffs grandiosos, enquanto “El Pacto” mostra melodias formidáveis, um trabalho ótimo e diversificado de baixo e bateria, ambas com ritmos que se alternam e linhas harmônicas surpreendentes. E isso mostra a maturidade que o quinteto se encontra, o alto nível que eles atingiram ainda sendo uma banda tão jovem.

“Night Hag/El Pacto” é tão bom que faço coro com meu amigo de imprensa, Júnior Frascá: por que cargas d’água o grupo ainda não lançou um “full-length” deles? O WITCHOUR é um dos melhores nomes da Argentina dessa geração mais recente, não tenham dúvidas!