quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

GAMMA RAY - Land of the Free (Anniversary Edition)


Full Length (Duplo CD - Relançamento)
2017
Selo: Shinigami Records, earMUSIC
Nacional


Tracklist:

CD 1 (Land of the Free):

1. Rebellion in Dreamland
2. Man on a Mission
3. Fairytale
4. All of the Damned
5. Rising of the Damned
6. Gods of Deliverance
7. Farewell
8. Salvation’s Calling
9. Land of the Free
10. The Saviour
11. Abyss of the Void
12. Time to Break Free
13. Afterlife

CD 2 (Bônus):

1. Heavy Metal Mania (cover do HOLOCAUST)
2. As Time Goes By (versão da pré-produção)
3. The Silence ‘95
4. Dream Healer (instrumental) (ao vivo nos Chameleon Studios 2017)
5. Tribute to the Past (instrumental) (ao vivo nos Chameleon Studios 2017)
6. Heaven Can Wait (instrumental) (ao vivo nos Chameleon Studios 2016)
7. Valley of the King (instrumental) (ao vivo nos Chameleon Studios 2016)


Banda:


Kai Hansen - Vocais, guitarras
Dirk Schlächter - Guitarras
Jan Rubach - Baixo
Thomas Nack - Bateria, backing vocals

Convidados:

Michael Kiske - Vocais em “Time to Break Free”, vocals adicionais e chorais em “Land of the Free”
Hansi Kürsch - Vocais adicionais em “Farewell”, corais em “Rebellion in Dreamland”, “Farewell” e “Land of the Free”
Catharina Boutari - Corais em “Rebellion in Dreamland”, “Man on a Mission”, “All of the Damned” e “Abyss of the World”
Sascha Paeth - Teclados adicionais
Hacky Hackmann - Corais
Axel Naschke - Corais em “Man on a Mission”, “All of the Damned”, “Gods of Deliverance”, “Salvation’s Calling” e “Abyss to the World”


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Ano de 1995.

Ralf Scheepers vivia em uma cidade ao sul da Alemanha, enquanto o resto do grupo residia em Hamburgo, ao norte. Ralf só poderia ir para Hamburgo nos fins de semana, e isso deixava tudo mais difícil. O GAMMA RAY já estava se profissionalizando e tendo muitas exigências, já que “Insanity and Genius” os catapultara para o sucesso, especialmente no Japão.

Ralf ficava ressentido, se achando incomodado com sua posição (somente ele não era da cidade), então conversou com a banda e saiu de forma amigável (que foi em busca da vaga deixada por Rob Halford no JUDAS PRIEST). Óbvio houve uma busca para alguém que pudesse assumir o posto de vocalista (inclusive muitos acreditaram que Michael Kiske, que havia acabado de sair do HELLOWEEN e era amigo de longa data de Kai Hansen, iria entrar no grupo, o que não ocorreu por que Michael queria fazer algo em termos de carreira solo). Mas devido aos pedidos de amigos e fãs, e porque ele já cantava nos ensaios do grupo na ausência de Ralf, Kai resolveu assumir o posto.

Pronto, tudo que era preciso para que o GAMMA RAY alcançasse o sucesso mundial aconteceu. Mesmo com “Heading for Tomorrow”, “Sigh No More” e “Insanity and Genius” sendo muito bem recebidos por público e crítica, é “Land of the Free” que causou um autêntico “boom” na carreira do quarteto, elevando-os definitivamente ao sucesso. E hoje, 22 anos depois, ele é relançado em uma versão comemorativa de aniversário do grupo, remasterizado e em versão dupla em CD. Um presente aos fãs que a Shinigami Records (em parceria com a earMUSIC) lança em nosso país.

Mas o que o disco tem que chamou tanto a atenção do público assim?

É fato que o GAMMA RAY estava crescendo muito desde seu surgimento em 1989, mas como uma grande parte dos fãs da banda eram herdados dos tempos dele no HELLOWEEN, e muitos amavam a voz de Kai (que cantara no EP “Helloween”, no álbum “Walls of Jericho” e no Single “Judas”). Além disso, o álbum vem com um material de alto nível (sendo o primeiro de uma trinca imbatível), muito bem arranjado. Mas ao mesmo tempo, o estilo da banda deu uma guinada para algo mais rápido e agressivo, bem próximo do que era feito pela antiga banda de Kai quando ele ainda cantava, mas sem perder o pique e características mais intrínsecas de sua personalidade.

“Land of the Free” tem a produção assinada por Kai e Dirk (eterno companheiro na banda), enquanto Charlie Bauerfeind fez a mixagem. A masterização original é de Ralf Lindner. Tudo para que o disco soasse pesado, agressivo e limpo. Para a época, era uma produção de alto nível, dando à “Land of the Free” uma sonoridade cheia, que nos permitisse compreender tudo que é tocado sem muitos esforços. E para dar uma atualizada, um novo frescor, Eike Freese, como nos relançamentos anteriores, foi quem deu uma remasterizada.

A arte desse relançamento é nova. As ilustrações são de Hervé Monjeaud, enquanto o design é de Alexander Mertsch. Tudo para dar um brilho extra, inclusive com muitas fotos e memorabilia da época. Mas a arte original se encontra na contracapa do encarte, para manter a lembrança do lançamento de 1995. Nela, se vê a figura que é vista na capa de “Walls of Jericho”, que na época chamavam de Fangface.

E a presença de Fangface na época já dava pistas do que seria encontrado em termos musicais em “Land of the Free”: pode-se dizer que a musicalidade encontrada é uma sequência lógica de “Walls of Jericho”, algo mais visceral e duro, mesmo em meio às melodias intrincadas e bem feitas da banda. Mas mesmo assim, os duetos de guitarras, os solos, a técnica pesada de baixo e bateria, além das intervenções de teclado, deram uma carga mais pesada ao grupo. E nem mencionamos ainda a presença de convidados ilustres, citados acima.

E musicalmente, “Land of the Free” marca o início de uma ascensão meteórica do GAMMA RAY. Tudo porque em existem clássicos que persistem nos setlists dos shows até os dias de hoje, como as destruidoras de pescoços “Rebellion in Dreamland” e “Man on a Mission” (ambas cheias de ótimas mudanças rítmicas e belos duetos de guitarras, fora os chorais grandiosos), a curta e rápida “Fairytale”, a pegada dura e agressiva de “Gods of Deliverance” (onde baixo e bateria debulham, mantendo um peso absurdo e diversificado), a emotiva “Farewell” e seus lindos arranjos de piano (uma homenagem ao amigo Ingo Schwichtenberg, ex-baterista do HELLOWEEN que se suicidou em março de 1995), a excitante e envolvente “Land of the Free” e seus corais formidáveis (além de bels arranjos), e a selvageria de “Time to Break Free” (os vocais de Michael Kiske casaram como uma luva com o som do grupo). Essas são as melhores do disco 1, que é são as canções originais do disco.

Mas como toda festa tem presentes, eles estão no disco 2.

Primeiro, uma versão do grupo para o clássico “Heavy Metal Mania”, do grupo da NWOBHM HOLOCAUST, que ficou excelente nessa roupagem mais moderna (e era bônus exclusivo da versão japonesa do CD), a inédita “As Time Goes By” (faixa de “Sign No More” em sua versão da pré-produção, com vocais de Kai), além de “The Silence ‘95” (que só aparecera no EP “Silent Miracles”), além das versões instrumentais ao vivo de “Dream Healer”, “Tribute to the Past”, “Heaven Can Wait” e “Valley of the King”, todas Chameleon Studios em 2017 (as duas primeiras) e em 2016 (as duas últimas).

No mais, para quem ainda não tinha “Land of the Free”, é uma ótima chance de adquirir sua cópia. Para quem tem a original vale pela remasterização e pelos extras. E para todos, um disco fenomenal!

Nota: 10,0/10,0