terça-feira, 14 de novembro de 2017

CENTRATE - Ritual (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 9,5/10,0

Tracklist:

1. Doom
2. Voodoo
3. In the Face of Death
4. Forever Mine
5. Soul Collector
6. Old Man’s Table
7. Infected
8. Kill till Death
9. Revenge
10. Ritual
11. Exorcism  


Banda:


Niklas Keul - Vocais, guitarras
Tobias Diehl - Guitarras
Chris Wömpner - Guitarras
Marcel Dippel - Baixo
Manuel Ernst - Bateria


Contatos:

Site Oficial: http://www.centrate.de/
Bandcamp:
Assessoria:

E-mail: centrate@gmx.de

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Thrash Metal anda cada vez mais evidente dentro do cenário Metal mundial. O mais interessante é notar que, junto com o formato Old School, temos bandas que buscam algo mais moderno, mas sem que a pegada cheia de energia do estilo seja perdida. E “Ritual”, primeiro álbum do quinteto alemão CENTRATE é uma grata surpresa do lado mais atual do gênero.

Thrash Metal ganchudo e agressivo é o que eles oferecem, com certa influência da escola germânica, só que com um toque especial de melodias bem feitas vindo diretamente da escola americana. Além disso, a banda funciona como um todo, sem que haja destaques entre os instrumentistas, mostrando a solidez do quinteto. E se preparem, pois é um coice de mula nos cornos de quebrar os dentes, mas sempre com uma energia jovial e atualizada, mesmo nos momentos em que pegam alguns elementos do Death Metal emprestados (como se pode ouvir em momentos de “Soul Collector”).

A produção, mixagem e masterização de Thilo Krieger deram corpo e agressividade sonora a banda de uma forma moderna e limpa. Você consegue entender o que a banda está tocando perfeitamente, bons timbres foram escolhidos para cada instrumento, ou seja, o disco soa claro. Mas cuidado: mesmo translúcido sonoramente, a agressividade do quinteto é algo a ser levado em consideração, pois soam brutos como um mamute dentro de uma loja de cristais.

Graficamente, a arte de “Ritual” ficou ótima nesse formato Digipack, com uma capa sinistra criada por Felix Bäcker, além de um layout perfeito, usando interessantes matizes de preto, branco e vermelho.

Sonoramente, poderíamos dizer que se percebe alguma influência dos primeiros trabalhos do THE HAUNTED em alguns momentos, mas a banda mostra muita personalidade. E o talento deles se percebe em canções ótimas como a seca e ritmicamente diversificada “Voodoo” (reparem bem o trabalho interessante de baixo e bateria nas variações de tempo), a curta e grossa “In the Face of Death” com seu jeitão moderno e rasgado que chega a esbarra no Death Metal, e os mesmos elementos mais agressivos surgem na abrasiva “Soul Collector” e seu ataque maciço de riffs bem feitos e solos bem caprichados, a envolvente e empolgante “Old Man’s Table” e seus vocais rasgados em timbres normais que se encaixam como uma luva na base instrumental trabalhada do grupo, o murro seco e abrasivo dos tempos mais lentos de “Infected”, a cadência azeda e grudenta de “Kill till Death” e seus arranjos de guitarras muito bons, os pontos em que o grupo sabe usar toques mais experimentais em “Ritual”, e os ritmos quebrados de “Exorcism” (outro show de baixo e bateria).

Sim, o CENTRATE é uma banda ótima e promissora, e se já chegaram nesse nível em “Ritual”, pode ser que se tornem um pilar do Thrash Metal moderno nos anos vindouros. Talento para isso, eles têm.

Escuridão Sul-Americana que assombra o Metal – Entrevista com o MORCROF



Por Marcos “Big Daddy” Garcia


Se você conhece bem o cenário do Metal extremo nacional, o nome do MORCROF não lhe soará estranho. Um dos pioneiros da SWOBM (Second Wave of Black Metal) no Brasil, desde 1992 estão nessa luta. E apesar de tantos anos, com várias Demos, EPs, Singles, discos ao vivo e outros, o grupo possui apenas um álbum, “Machshevet Habriá (Myths and Conjectures of Creation)”. Mas em breve, o novo álbum estará disponível.

Aproveitando que a banda vive um bom momento após o lançamento do ao vivo “Live At the Brazilian Swamp” e se prepara para lançar mais um álbum, lá fomos nós ter uma conversa e saber sobre passado, presente e futuro deles, bem como conhecer um pouco mais dos planos para o ano que vem.


BD: Saudações. Antes de tudo, gostaria de agradecer pela oportunidade de entrevista-los. Como primeiro ponto, que tal nos contar um pouco da história da banda, desde 1992 até hoje?

Paullus: Big Daddy, nós que agradecemos pela oportunidade que nos oferece para falar um pouco sobre a MORCROF!

A banda já era um projeto em mente de Caecus Magice, nosso primeiro guitarrista, que tentava na época recrutar membros que pudessem fechar uma formação. Casualmente nos encontramos e ele me chamou para formatarmos a banda, a princípio, tendo como referência sonora as principais bandas de Death e Grind vigentes da época. Sentamos a primeira vez para compor em dezembro daquele mesmo ano, ponto de partida em que considero o início das atividades. Em 1993 fechamos o ano com a formação completa, 10 sons compostos que foram divulgados na reh 1994 “A Future Not So Far” e shows realizados. Logo após o lançamento da reh, Caecus Magice e Feralis saíram para formar a Eris Mestus, e seguimos com Beah Gênes Hajj-Ahriman e R’Matheus (com passagem meteórica) substituído por Pétros Nilo em 1995. Em 1996 lançamos a DT “Scientia Ab Mortuus” e fizemos alguns shows para promovê-la. Até 1998, compomos mais algumas músicas que foram gravadas na DT 1999, “Peragere Humum Et Semem Terrai Abditae” e na DT 2001 “Alesh”, estas registradas já com outras formações. Essas Demos tiveram boa repercussão e nos abriu caminho para lançarmos a compilação 2002 “Apeiron (Trinitas Primitiae Opus)” e o full length “Machshevet Habriá (Myths And Conjectures Of Creation)” em 2005. Fizemos bastantes shows no período em que culminou na abertura do Rotting Christ em sua segunda passagem pelo Brasil em 2006 e que resultou no DVD “Animo Signus Aeterno”. Os anos seguintes foram de altos e baixos: falta de grana, de estrutura, obrigações pessoais e o velho problema na formação nos acompanhou até 2011, quando fechamos um novo lineup que nos impulsionou a composições de novos sons que sairão no próximo álbum. Uma prévia disso pode ser conferido no Single 2015 “codex.gnosis.apokryphu.:.portae.es.solis.sursum.aquilonem” e no álbum “Live At The Brazilian Swamp”, gravado no memorável show de abertura do Varathron em 2015.  Hoje, estamos estabilizados com Eziel Kantele-Väinö, o insano; Bruno Brahms Kermanns; R’Bressan; Cleber Borges; Paullus Moura e R’Herton.


BD: Nesses 25 anos de vida do MORCROF, vemos que a discografia da banda é bem grande, com vários EPs, Demos, Singles e outros, mas apenas um álbum, “Machshevet Habriá (Myths and Conjectures of Creation)”. Por que só um Full? Aliás, dava para vocês fazerem mais uma compilação, pois material não falta.

Paullus: Depois de 2006, voltamos a ter problemas na formação e um acúmulo de problemas na esfera pessoal... Caminhamos muito pouco desde então! Não tivemos tempo para sentarmos e compormos de modo mais incisivo e desanimamos um pouco com a dificuldade em encontrarmos novos integrantes. A coisa começou a mudar a partir de 2011 com a entrada de R’Herton na bateria e de Agnaldo Dead Poet nos vocais, só a partir de então, com ensaios regulares, pudemos colocar as novas composições em dia, iniciarmos novas gravações e retornarmos aos palcos. Sobre fazermos uma compilação com alguns outros materiais, nós nunca pensamos nessa possibilidade. (Nota do entrevistador: selos que lerem esta entrevista, hora de apostar na banda!)


BD: Mesmo sendo de 12 anos atrás, “Machshevet Habriá (Myths and Conjectures of Creation)” deu a vocês a projeção que pretendiam? Ele chegou a abrir portas?

Paullus: Acho que sim. Esse álbum reverberou bem no Brasil e no exterior e ainda hoje muitos headbangers nos contatam à procura de “Machshevet Habriá...”! As portas se abriram, mas não tivemos condições, eficiência ou competência para aproveitarmos aquele bom momento...


BD: Mais uma sobre o passado: olhando pela internet, percebe-se que a formação da banda sempre sofre alterações. A que atribuem esse fato? Às dificuldades de se fazer Metal no Brasil, um pouco de responsabilidade dos ex-membros, uma combinação de ambos ou outros fatores?

Paullus: Foi uma combinação de diversos fatores com certeza; de tudo que você possa imaginar... Imaturidade, inexperiência, desinteresse e saída de membros, mulher, filhos, trampo, estudo, grana, enfim... Por incrível que pareça, as “dificuldades de fazer Metal no Brasil” nem cogitamos pois é uma realidade intrínseca.


BD: Recentemente, vocês lançaram o ao vivo “Live At the Brazilian Swamp”, que foi gravado no show de abertura do Varathron em SP. Qual a sensação de tocar com uma banda que, de certa forma, é uma influência para o MORCROF? E qual a intenção de lançar o ao vivo?

Paullus: A sensação? Foi como trepar com uma gostosa e gozar litros nela várias vezes sem tirar de dentro! Sobre o live, a intenção é mostrar que, uma coisa é se gravar músicas em estúdio com milhões de recursos técnicos que hoje temos em mãos, tudo sai lindo, nítido, perfeito, como a banda quer que soe; e outra coisa é executar os mesmos sons ao vivo organicamente, com improvisos, adrenalina, público urrando, crueza... são versões oferecidas de uma mesma música, a cada vez que tocamos ao vivo torna-se inédito pois tudo pode acontecer. Penso que registros “lives” não serve para comparar com trabalhos de estúdio – com o Single por exemplo, mas imergir na essência que a banda mostra on stage...


BD: Ainda sobre “Live At the Brazilian Swamp”, como tem sido a recepção dele por parte do público e da crítica especializada em Metal?

Paullus: Por incrível que pareça, quem escutou “Live At the Brazilian Swamp” entendeu a proposta... Claro, vamos lá: são áudios masterizados tirado de uma filmadora frontal ao palco e que captou tudo quanto foi ruído em sua volta, longe da perfeição... Mas tem a essência daquela noite e é isso que queríamos passar! Encaramos bem qualquer crítica, tomando cuidado tanto com as negativas quanto com as positivas...


BD: O último Single da banda, “Codex Gnosis Apokryphv: Porta Ex Solis Svrsvm Aqvilonem”, precedeu o ao vivo em dois anos. Mas em termos de projeção, podemos dizer que ele atingiu o objetivo, ou seja, mostrar não só que o MORCROF está vivo, mas chegar até novos fãs?

Paullus: O Single está cumprindo com esse objetivo, causando boa impressão e surpresa aos velhos irmãos que nos acompanham desde o início, sobretudo pela inserção dos vocais limpos, quanto sendo bem aderido também aqueles que ainda não conheciam a banda. E, como bem mencionado na pergunta e parafraseando Steve McQueen em “Papillon”, precisávamos lançar algo que dissesse: “Hey, ainda estamos vivos, desgraçados!”


BD: Hora de falar do futuro: a banda parece estar preparando mais um álbum para breve, certo? Se sim, o que poderiam nos adiantar em termos de informação (nome, tracklist, etc)? E há uma previsão para o lançamento dele?

Paullus: Sim, estamos na reta final da produção do novo álbum, que trará o título “.:.codex.gnosis.apokryphu.:.arcano.verba.revelatio.:.” e apresentarão, dito em primeira mão, as faixas: “invocatio spiritus antiquis”; “in monolitus ex auorum spiritus mundus”; “preconceptual genesis circularis elementarum existentiam”;  “preludium.:. apretit portae”; “portae ex solis sursum aquilonem”; “existentia imperfecta es”; “ad infernum exilio meam”; “gratiam aeon sapientia mundi”. O álbum trará algo que sempre quisemos fazer: cantar em latim na íntegra. Embora estejamos próximo da conclusão dos áudios, infelizmente ainda não temos a previsão exata do lançamento...


BD: Aliás, em termos líricos, algo mudou dos tempos da Demo “A Future Not So Far” até hoje? E quais são os temas centrais das letras? Alguma mensagem aos fãs?

Paullus: Houve um evidente amadurecimento de ideias, mas o cerne continua sendo o mesmo: o existencialismo humano. Questionamento sobre vida, morte, existência, sempre fez parte de nossas conversas e as letras justificaram esses pensamentos seja em “its explanation is your god” de 1993 ou em “existentia imperfecta es” escrita em 2008.


BD: Vocês são de uma geração que viu surgir no Brasil nomes como MIASTHENIA, SONGE D’ENFER, OCULTAN, MALKUTH, entre tantos outros nomes que são pináculos do Black Metal brasileiro. Olhando hoje para o passado, existe aquela impressão de que poderiam ter feito algo diferente do que fizeram? Existem arrependimentos?

Paullus: Não existem arrependimentos... Mesmo! Fizemos o melhor que achávamos dentro do contexto que vivíamos a cada época. Seria fácil hoje com mais de 40 anos olhar para traz e pensar que poderíamos ter feito algo diferente quando na verdade não, justamente porque não possuíamos a vivência e experiência que temos hoje.


BD: O Metal nacional vive um momento de cisão: de um lado, vemos a censura de exposições de arte, pessoas queimando bonecos de filósofos aos gritos de “queimem a bruxa”, e muitos bangers se alinhavam com esse cenário ultraconservador, inclusive dando suporte ideológico a deputados da dita bancada evangélica. Como vocês enxergam essas situações? Não dá um pouco de nostalgia em relação à época em que mandávamos políticos se foderem e éramos apegados uns aos outros fraternalmente?

Paullus: Vou tentar ser muito claro nesta questão, não somente porque ela traz polêmicas, mas também porque dentro da banda temos visões distintas sobre ideologias políticas que ora nos aproxima, ora nos distancia entre argumentos e justificativas. Então, o que vou expor aqui é algo meramente pessoal e não uma posição da banda como ferramenta artística e pontual.

Antes de tudo, admiro pessoas que procuram se posicionar, errado ou certo sob determinada perspectiva, o importante é se posicionar; em segundo, as pessoas devem ter o peito aberto para debater as diferenças não como um objeto concretado, mas de possibilidades, no exercício de empatia, sabendo ouvir e entender, sabendo falar e ser compreendido. Ainda não chegamos nesse nível. O brasileiro, antes alheio as questões ideológicas política em sua maioria, e aqui me refiro aos anos 80 e 90, hoje conversam sobre decisões do STF ou das leis que estão sendo encaminhadas no Congresso e no Senado... ou no seu Estado ou município. Esta é a impressão positiva que tenho, mas que se desdobra em equívocos, pois não está muito claro a muitos de nós as conexões ou relações que transitam de um extremo ao outro.

Precisamos pesar as consequências daquilo que anunciamos como “sociedade perfeita” sem que isso seja um tiro no pé, sem que nivelemos as situações por baixo e de modo superficial... Isso é nada fácil! Devemos enfrentar a situação com a política que fazemos no dia a dia e, portanto, tomar conhecimento do homem como ser social. Precisamos limpar essa água turva que impede enxergarmos com clareza alguns conceitos... Sei lá, vou usar uma afirmação turvada recente: “nazismo é de esquerda”... Estão confundindo regimes totalitários com o germe dessas ideologias... Misturando conservadores e progressistas com moderados numa discussão convergente entre extrema-esquerda e extrema direita... Nesse sentido, tá tudo uma bosta porque o posicionamento político citado no início desta resposta passa a ser um engodo à própria pessoa que profere suas ideias, a análise é rasa e, influenciados pelos extremos ideológicos, acabam por se satisfazer com uma retórica banal de qualquer político e, pior ainda, o adotam como se fosse seu animal de estimação...

Outro dia li uma matéria que trazia na manchete: “Metal sempre foi conservador”... Claro, pra mim uma boa provocação... Metal nunca foi conservador, tá na sua genética, o que acontece são jovens “libertários” dos anos 80 se vendo hoje entregues ao sistema, não estou condenando, só constatando. Hoje em dia o Metal está se ratificando como uma arte meramente estética e corrompida pela indústria cultural, aceitável, maleável com tudo aquilo de que foi adepto na origem: Sublevado, rebelde, transgressor, libertário, contestador, repulsivo. O “headbanger” que lutava por liberdade outrora passou a almejar o status em que alcançou e, dentro desta perspectiva, ele tem suas razões. Bom... é um tema muito amplo... difícil pontuar tudo que leva ao que estamos vivendo no momento. O que sei é de minha posição: Libertário e progressista. Libertário porque nenhum homem ou instituição tem valor moral para subjugar e explorar outro homem (mas fazemos porque somos hipocrisias!)... E progressista porque precisamos abrir a mente para entender as novas demandas de valores que a sociedade necessita.


BD: E em termos de shows, como as coisas estão? Existem propostas para alguns shows fora de SP, e mesmo para os outros países da América do Sul?

Paullus: Com a entrada do Bruno e do Cleber, tivemos que ganhar um fôlego para que a atual formação ensaiasse os sons que serão apresentados ao vivo. Fizemos um show “piloto” em 15 de outubro que nos serviu experiência... E temos mais 2 festivais este ano. Para 2018, ainda vamos nos reunir para organizar como serão os ensaios, suas proposições, shows, composição... Novamente, com 6 integrantes, tentaremos equacionar os dias e horários que seja bom para todos e, feito isso, elaborar a agenda. Não há nenhuma proposta até o momento para show no ano que vem...


BD: É isso. Mais uma vez, agradeço demais pela entrevista, e por favor, deixem sua mensagem aos seus fãs e leitores do Metal Samsara.

Paullus: Nós que agradecemos, mais uma vez, por todo seu suporte, dedicação e atitude por manter um importante veículo de informação underground como o Metal Samsara. Nossos eternos agradecimentos a você e a todos que se interessaram em ler esta entrevista e conhecer um pouco mais sobre a MORCROF.

Ouça o disco ao vivo “Live At The Brazilian Swamp”.


SOMBERLAND - Pest'Ology (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 8,7/10,0

Tracklist:

1. Pest’Ology
2. Here Has No Place for God
3. Fallen Angel
4. Forever Dark Wood
5. Dark Silence of Death
6. Wrath of the Tyrant
7. Into the Frost
8. Sadistic Instincts Arise
9. …When Future No Matter


Banda:


E. Nargoth - Baixo, vocais
Dmortest - Guitarras
Diavolos - Guitarras
W.A.G - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Bandcamp:
Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Existem bandas cujos trabalhos, em qualquer vertente de Metal que seja, parecem destinados a serem realmente incríveis. No Brasil, bandas e mais bandas geram discos que realmente nos seduzem pelos ouvidos, já que cada vez mais em termos musicais, as bandas andam criando música da mais alta qualidade. E o primeiro disco do quarteto SOMBERLAND, de Criciúma (SC), chamado “Pest’Ology”, é um desses.

O grupo faz um Black Metal cru e bem tradicional, adicionando algumas melodias muito interessantes em vários pontos, e mesmo alguns momentos mais técnicos podem ser notados no trabalho deles. O que fica evidente é que eles possuem uma clara influência de bandas como DISSECTION e EMPEROR, com uma dose seminal de energia envolvente e sedutora, além de boas ambientações.

Orland Junior e a própria banda foram os responsáveis pela produção sonora de “Pest’Ology”, sendo que Orland ainda mixou e masterizou o trabalho no Forest Studio, em Criciúma (SC). Tudo para garantir uma qualidade sonora bem cuidada e com bom nível de clareza, mas sem deixar de lado aquela crueza essencial para bandas do gênero. Ou seja, a música soa agressiva, crua e tenebrosa, mas limpa e clara para a compreensão de quem ouve o disco.

A bela arte de Marcelo Vasco (da PR2 Design) para a capa evoca claramente a Peste Negra que devastou a Europa e a Ásia entre 1343 a 1353, deixando um saldo de 75 a 300 milhões de mortos. O design e o layout de L. Vulcan ficaram muito bons, dando aquele toque sinistro essencial ao lado visual.

Desfilando música de muito potencial em “Pest’Ology”, o SOMBERLAND sabe compor de forma espontânea, bem acabada. Fica evidente o quanto o quarteto tem a oferecer em canções como a variada “Pest’Ology” e sua diversidade crua de riffs agressivos e vocais rasgados de primeira, a energia agressiva que surge em “Here Has No Place for God” e suas passagens com melodias sombrias (onde as guitarras se destacam), a sinistra e arrastada “Fallen Angel” (com seus detalhes soturnos, ótimos vocais e boas conduções na base rítmica), o peso empolgante e também cadenciado de “Dark Silence of Death” (com vocais rasgados ótimos) e de “Wrath of the Tyrant” (partes de duetos melodiosos de guitarra ótimos), e as climáticas e fúnebres “Sadistic Instincts Arise” e “…When Future No Matter” (esta última, com alguns solos de guitarra muito bem encaixados e melodiosos).

O SOMBERLAND é uma banda excelente, e só precisa ser descoberta pelos fãs do estilo. Mas garanto: uma ouvida em “Pest’Ology” e não vão se arrepender.

CERBERUS ATTACK - From East With Hate (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 8,3/10,0

Tracklist:

1. From Lust to Dust
2. Face Reality
3. Human Extinction
4. Worms Incorporated
5. Get Thrashed or Die Trying
6. Together We Destroy
7. Octuber 12th
8. Dirty City
9. East Side Thrashers


Banda:


Jhon França - Vocais, guitarras
Marcelo Araujo - Guitarras
Marcelo Maskote - Baixo
Bruno Morais - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Thrash Metal, após um período de hibernação entre o início da década de 90 e o início do século XXI, retornou com força total. Nisso, algumas bandas têm preferência clara por uma sonoridade um pouco mais voltada ao formato mais sujo e agressivo dos anos 80, o que muitas vezes acaba gerando bandas clonadas de grandes nomes. Outras vezes, temos trabalhos que, mesmo longe de inovar, estão cheios de energia e personalidade. O quarteto CERBERUS ATTACK, de São Paulo, é um desses, já que o primeiro álbum deles, “From East With Hate” sangra em fúria Thrasher e muita, muita energia.

O trabalho do grupo tem uma pegada à lá EXODUS e NUCLEAR ASSAULT, com toques da Escola germânica, mais doses cavalares de HC/Crossover. Se de um lado vemos uma banda que não está nem um pouco interessada em criar algo novo, chega com personalidade, disposta a se impor e conquistar seu lugar ao sol. Outro ponto interessante: apesar do quarteto não focar na técnica instrumental, ela está longe de ser simplória, com boas linhas melódicas e arranjos bem feitos.

A sonoridade de “From East With Hate” é bem seca, direta e reta. Tudo para que a força da música e a agressividade inata deles soem claras, mas mantendo aquela dose de sujeira que é necessária ao Thrash Metal, embora os solos de guitarra estejam um pouco embolados e alguns timbres instrumentais pudessem ser melhores. Um trabalho bem interessante de Jhon França e do próprio quarteto.

O lado mais despojado e irônico do grupo está exposto na arte da capa, criada por Cleyton Amorim (uma cuspida de puro e azedo humor nos poderes político, religioso e armado, beirando o Crossover/Hardcore) e no encarte não convencional criado por Lívia Fogaça (a utilização de tons de verde escuro e letras em branco não é muito comum, sejamos francos).

Vocais com timbres normais rasgados, guitarras com riffs raivosos, boa técnica de baixo e bateria, o CERBERUS ATTACK mostra que tem disposição para encarar desafios. Basta ouvir a raivosa e veloz “Face Reality” com suas mudanças de ritmos (reparem bem como baixo e bateria esbanjam boa técnica, mas sem deixar de dar peso ao som do grupo), a porrada nos dentes alheios em “Human Extinction” (outra bem rápida, cheia de energia e com guitarras ótimas), as criativas e empolgantes “Worms Incorporated” e “Together We Destroy”, ambas com partes instrumentais cheia de arranjos não convencionais (e dois desfiles de riffs insanos), as linhas melódicas claras e cheias de fúria de “East Side Thrashers” (com suas excelentes mudanças de ritmo, mas os vocais se destacam bastante), e “East Side Thrashers”, onde a velocidade e pegada pesada do grupo mostram uma homenagem à Zona Leste de São Paulo, que aproveita para denunciar o preconceito contra aquela localidade marginalizada.

Óbvio que o trabalho do CERBERUS ATTACK pode evoluir mais. Potencial para isso eles têm (até mais do que simples palavras podem dizer), raça também. E se tiverem a chance correta, ninguém segura esses caras. “From East With Hate” é a prova cabal disso.