sábado, 2 de setembro de 2017

PEDRO ESTEVES - Novos Tempos (Álbum)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 9,4/10,0

Tracklist:

1. Manga Larga
2. Novos Tempos
3. Lembranças
4. Doce Brisa
5. Raízes
6. Revolução
7. Descanse em Paz
8. Sorria
9. Indomável
10. De Volta pra Casa


Banda:


Pedro Esteves - Guitarras, teclados, violão
Wilson Fernandes - Baixo
Anderson Alarça - Bateria


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Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A música meramente instrumental causa dois efeitos distintos e antagônicos: ou se ama ou se odeia.

Muito disso vem do fato de que, entre o final dos anos 80 e início dos 90, fomos assaltados por uma leva de guitarristas que, em seus discos, mais promoviam a autoindulgência técnica do que realmente nos brindavam com música de alto nível, daquela que se ouve e se gosta. Óbvio que serviu para dar referência técncia às novas gerações de guitarristas, mas nem todos tocam o referido instrumento. Por este motivo, até hoje em dia, discos instrumentais focados nas guitarras causam suspeitas a muitos. Mas sobre “Novos Tempos”, primeiro disco solo do guitarrista/produtor Luso-brasileiro PEDRO ESTEVES, este autor garante que é um disco para todos os fãs de música, independente se há um vocalista ou não.

Se você está em busca de fritadas à velocidade da luz, pode esquecer. O trabalho de Pedro é focado em algo mais intimista, orgânico e cheio de feeling, embora existam alguns momentos mais técnicos aqui e ali durante o disco. Mas no geral, a sobriedade técnica impera, com toda a expressão do guitarrista feita na base do sentimento, algo bem raro nos dias de hoje. E justamente por isso, tão atraente, com linhas melódicas mais simples, harmonias bem pensadas e técnica usada como mera consequência da expressão musical (e não sua motivação).

Ou seja: “Novos Tempos” é um disco feito com músicas deliciosamente envolventes.

Gravado, mixado e masterizado no estúdio Masterpiece em Guarulhos SP, com Pedro tomando as rédeas de cada um dos processos, isso garantiu que a sonoridade de “Novos Tempos” fosse bem limpa, clara, e com todos os instrumentos em seus devidos lugares. E assim, a música mais intimista e simples do disco ganhou um brilho todo próprio.

A experiência de Pedro como guitarrista do LIAR SYMPHONY e do HARDSHINE flui espontaneamente nas 10 canções de “Novos Tempos”, mas sob um espectro diferente do que estamos acostumados. E é justamente essa versatilidade que irrita muitos fãs de Metal e Rock com valores musicais engessados. E os arranjos são bem espontâneos, os detalhes minimalistas estão ali, mas fluem de forma tão harmoniosa que são assimilados facilmente.

As melhores: o clima Hard/Pop de “Manga Larga” e suas passagens bem ganchudas, as lindas melodias quase que de New Age/World Music ouvidas em “Novos Tempos” e “Lembranças”, a intimista e suave “Doce Brisa” (onde Pedro dá umas debulhadas técnicas bem pontuais, e o baixo mostra momentos inspirados), o forte acento Bluesy/Pop de “Raízes”, os momentos mais pesados e bem modernos de “Revolução”, as belas passagens de violão e baixo em “Descanse em Paz” com sua atmosfera intimista, a poderosa e impactante “Sorria” (recheada por um trabalho bem legal de baixo e bateria), o peso a velocidade de “Indomável” (belos toques de teclados e passagens melodiosas rápidas e intensas, mais a bateria debulhando no finalzinho), e as melodias charmosas e calmas de “De Volta pra Casa”. Sim, não dá para dispensar nada em “Novos Tempos”.

Esperemos que o trabalho de Pedro não pare apenas nesse disco.



CODMORSE - The Cost of Peace (EP)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 7,7/10,0

Tracklist:

1. Nuclear Fear
2. Sign the Hell
3. The Wolf
4. Chaos in Order


Banda:


Júnior - Vocais
Wesley Lima - Guitarras
William Reznor - Guitarras
Gabriel Scavacini - Baixo
Paulo Cavalcante - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria: http://www.mothdivision.net/p/banda-2.html (Moth Division)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A juventude musical é interessante nas bandas de Metal. Em seus primeiros trabalhos, o que pode faltar em termos de detalhismo minimalista nos arranjos, sobra em energia e força. Quase todas as bandas são assim (com raras exceções), e o quinteto CODMORSE, de Itu (SP, a famosa cidade onde tudo é gigantesco nas anedotas populares). Eles já possuem 5 anos nessa luta, mas somente agora chegam com seu primeiro trabalho, o EP “The Cost of Peace”.

O trabalho deles é dividido da seguinte forma: 75% Heavy Metal tradicional + 25% Thrash Metal. Sim, temos em mão um híbrido, já que eles fazem um trabalho voltado ao Metal tradicional com um toque de NWOBHM, basta observarem a técnica “Harrissiana” do baixo em “The Wolf”, bem como os timbres vocais à lá Kevin Heybourne (do ANGEL WITCH) em certos momentos. Mas a agressividade do Thrash está em muitos arranjos, nos vocais com backing vocals à lá ANTHRAX. Óbvio que a banda ainda necessita de mais amadurecimento musical, mas a energia é absurda, gerando canções de bom gosto e que nos envolvem.

A produção do EP é boa. Óbvio que a crueza poderia ser menor, os timbres um pouco mais bem escolhidos. Mas em compensação, o som flui pelos falantes de forma orgânica, e consegue-se compreender claramente o que eles estão tocando, bem como as melodias são evidentes. Não está ruim, só poderia ser melhor.

Uma ótima dupla de guitarras (com bons riffs e solos eficientes), baixo com boa técnica e bateria com peso, e vocais que encaixam muito bem no instrumental da banda, backing vocals e corais bem pensados, e tudo isso nos concede canções com bons arranjos e muita energia. Óbvio que eles ainda têm um longo pelo caminho para polir ainda mais sua música, mas já está em um nível muito bom.

“Nuclear Fear” é uma canção mais curta, com andamento mediano, boas melodias e sem muita complicação técnica, além de boa dose de energia. Mas o arsenal da banda fica mais evidente em “Sign the Hell”, onde a fusão de timbres azedos do Thrash Metal com as melodias do Metal tradicional está evidente, em uma canção envolvente e sedutora, onde as guitarras mostram sua técnica e força nas bases e solos, sem mencionar o bom refrão e ótimos backing vocals. O trabalho de baixo e bateria ganham mais visibilidade na cadenciada “The Wolf”, onde a banda mostra seu potencial musical, exibindo uma canção com boas linhas harmônicas e vocais interessantes. Já “Chaos in Order” já tem uma pegada um pouco mais agressiva e direta, com melodias mais subjetivas e um bom trabalho dos vocais mais uma vez.

O trabalho do quinteto ainda pode melhor, mas verdade seja dita: o CODMORSE é uma banda promissora.