Ano: 1999 (relançamento 2018)
Tipo: Demo CD
Selo: ErinnysProductions
Nacional
Tracklist:
1. Inustus
(intro)
2. Errante
3. The
Judgment of Demigod (pt.I)
4. From
Origin to Dued Cold
5. Empírico
6. The
Judgment of Demigod (pt.III)
7. The
Semen of Dead God
Banda:
Ludwick Schölzel - Vocais
R’Bressan - Guitarras
Pétros Nilo - Guitarras
Naitsirch Chironomous Bontus - Teclados
Paullus Moura - Baixo, bateria, violão, backing vocal
Ficha Técnica:
Erinnys Records - Produção
Cássico Martin - Mixagem, masterização
Alberto Salomone - Capa (O Bem e o Mal)
Cris Viana - Vocais femininos
Ludwick Schölzel - Arte, design
Contatos:
Site Oficial:
Facebook: www.facebook.com/morcrofdarkmetal/
Twitter:
Instagram:
Bandcamp: www.morcrofdarkmetal.bandcamp.com/
Assessoria: www.facebook.com/cangacorockcomunicacoes/ (Cangaço
Rock Comunicações)
E-mail: morcrof@hotmail.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Nos últimos tempos, temos visto muitas bandas veteranas recuperando
seus materiais antigos em relançamentos bem pensados: de um lado, eles ajudam a
trazer o nome da banda à evidência sem um novo lançamento, mas ao mesmo tempo,
disponibiliza material raro aos fãs mais recentes. E nisso, o MORCROF, ancião do Black Metal
brasileiro, tem sido reapresentado aos fãs mais antigos e introduzido aos mais
jovens. Dessa vez, seguindo o ritmo que a parceria com a Erinnys Records dita, é chegada a vez do relançamento de “Peragere Humum Et Semem Terrai Abditae”.
1999 é um ano em que o Brasil está ainda sob os efeitos de
uma crise econômica desencadeada por problemas no oriente, e que marca o início
do segundo mandato de Fernando Henrique
Cardoso como presidente do Brasil (o primeiro a ser reeleito), o blecaute
de 11 de março que causou um apagão em dez estados, além de marcar o lançamento
do Euro como moeda em vários países da Europa.
Em termos de Metal, 1999 é um ano em que o Black Metal no
Brasil estava fervendo. Além de evidenciado pelo sucesso de nomes estrangeiros
como CRADLE OF FILTH, DIMMU BORGIR,
ROTTING CHRIST e outros, OCULTAN,
MYSTERIIS e outros soltavam discos que são seminais para o crescimento do
estilo no underground brasileiro. Este ano marca o período de expansão do Black
Metal brasileiro, que irá durar até 2003 ou 2004, quando começará a regredir um
pouco e ocupar seu espaço no cenário.
Para o MORCROF, a
Demo Tape “Peragere Humum Et Semem
Terrai Abditae” marca sua total adesão ao Black Metal, totalmente despido
de influências de Death Metal que marcaram o início de sua carreira. O estilo
está bem helenizado, ou seja, na linha ao que bandas como ROTTING CHRIST antigo, VARATHRON,
NECROMANTIA e outros nomes da cena grega faziam: algo focado em uma
ambientação sonora mais soturna e atmosférica, permeado de teclados sinistros,
riffs cortantes, baixo e bateria em uma base rítmica sólida e trabalhada (com o
baixo mostrando algumas partes mais técnicas), além de vocais urrados em tons
tenebrosos. Além disso, o formato de canções mais longas delineado já em “Scientia ab Mortuus” (Demo Tape anterior)
está ainda mais conciso e é a trilha que o grupo segue até os dias de hoje.
Embora ainda careça de maior refinamento sonoro, a produção
é bem melhor que a maioria das bandas tinha daqueles tempos (mais uma vez:
estúdios custavam muito caro, e a mão de obra de um técnico de som nunca foi
algo muito acessível). Mas é nessa crueza que o trabalho do MORCROF se sobressai e ganha vida. Que
poderia ser melhor, óbvio que poderia, mas isso em uma visão de hoje, não
daqueles tempos românticos e árduos. E a capa nos traz a arte de “O Bem e o Mal”, de Alberto Salomone.
Em “Peragere Humum Et
Semem Terrai Abditae”, o sexteto se mostra mais conciso, com sua música
soturna adornada de momentos acústicos bem atmosféricos (como se pode ouvir na
instrumental “Empírico”). Ou seja, o
MORCROF começa a mostrar ainda mais
diversidade e técnica, mesmo em uma época que isso era considerado um grave
pecado em termos de Black Metal. Mas é aquela velha estória: há quem siga
modelos, há quem os destrua para mostrar a personalidade, e o MORCROF faz parte do segundo grupo.
“Inustus” é uma
introdução tétrica de teclados com alguns vocais ocasionais, seguida de “Errante”, uma instrumental de teclados
lúgubres que serve como ponto de partida para a curta e crua “The Judgment of Demigod (pt.I)”, lenta
e azeda até os ossos, com algumas partes bem trabalhadas. Sinistra e cheia de
mudanças de ritmo é a longa “From Origin
to Dued Cold”, adornada de arranjos elegantes e agressivos de guitarras e
baixo, com linhas melódicas muito boas. “Empírico”
é uma instrumental de violão e teclados que mostra a versatilidade da banda, um
momento mais ameno e melancólico que precede “The Judgment of Demigod (pt.III)”, outra canção curta, embora um
pouco mais rápida e dinâmica, mostrando a força dos vocais e da bateria. E “The Semen of Dead God” vem como um
compêndio de tudo que a banda mostrou na Demo Tape, com partes acústicas,
outras mais rápidas e agressivas, outras mais lentas, melodias orientais que
surgem dos teclados, vocais urrando de forma interpretativa, além das guitarras
estarem ótimas nos riffs e a base rítmica mostrar sua técnica e manter a
diversidade musical do grupo.
Se você gosta de Metal extremo, precisa adquirir “Peragere Humum Et Semem Terrai Abditae”
e conhecer o MORCROF. Se você tem a
versão original em K7, está mais que na hora de atualizar para uma versão mais
moderna e duradoura.
Nota: 90%
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