sexta-feira, 22 de setembro de 2017

TUPI NAMBHA - Invasão Alienígena (EP)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 9,4/10,0

Tracklist:

1. Invasão Alienígena
2. Antropofagia
3. Tribo em Guerra
4. Tupi Nambha
5. Galdino Pataxó
6. Feiticeiro
7. Ayahuasca


Banda:


Marcos Loiola - Vocais
Rogerio Delevedove - Guitarras


Contatos:

Site Oficial: www.tupinambha.com.br
Twitter:
Instagram:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Cada vez mais, as bandas de Metal do Brasil estão buscando temas culturais condizentes com as estruturas étnicas de nosso país. Destaque para os temas que enfocam a cultura indígena do Brasil, tão maltratada e pilhada por muitos. Bandas como ARANDU ARAKUAA, TAMUYA THRASH TRIBE e VOODOOPRIEST tem ajudado nesse processo de revitalização/recuperação da cultura de nossos indígenas. E se juntando ao time, vem o TUPI NAMBHA, de Recanto das Emas (DF), mostrar que tem muito a dar a esta vertente que chamamos de “Brazilian Ethnic Metal” em seu EP de estréia, “Invasão Alienígena”.

De uma forma bem pessoal, o TUPI NAMBHA faz um mix de elementos de várias vertentes do Metal com alguns ritmos do Brasil, algumas percussões indígenas aqui elai, bem como busca usar a língua-mãe dos indígenas com outras em português. Mas é justamente misturando tantos elementos que o grupo mostra personalidade, a capacidade de fugir do ponto comum. Sim, essa dupla conseguiu mostrar personalidade em um trabalho bem diferente, de certa forma, nunca visto.

A produção do EP é do “Dyna Man” Caio Contornesi (“mastermind” do DYNAHEAD), com gravação, mixagem e masterização feitas no BroadBand. E aqui, mais uma vez, uma mistura: a sonoridade soa pesada e clara em boas proporções, mas com alguma crueza. E é justamente ela que dá um toque artesanal e orgânico ao som tribal da dupla. Isso sem mencionar que Caio ainda gravou as partes de baixo e bateria do EP.

Na parte gráfica, mesmo em um projeto de desenhos mais simples, feito pelo estúdio Fábula Ilustrações. E esse trabalho ficou de primeira, ilustrando a resistência indígena na época da descoberta e colonização de nosso país.

Sabendo contrastar melodias e agressividade com um peso constante, o TUPI NAMBHA mostra que veio para ficar, com uma música dinâmica, envolvente e muito bem construída. Arranjos bem feitos, a relação entre as partes vocais, as guitarras, a força rítmica de baixo e bateria, tudo está ótimo, bem planejado e executado da melhor forma possível.

Toda a energia tribal do grupo fluía pelas sete faixas do CD, ora mais agressivo, ora mais ritmado e com swing. Em “Invasão Alienígena”, se sente a aura indígena fluindo das percussões e vocais, sempre com muito peso e bom gosto, mesmo elementos na azeda “Antropofagia” (onde as partes de guitarra são ótimas). Alguns elementos mais progressivos e mudanças de ritmo surgem em “Tribo em Guerra”, rendendo ótimos momentos. Groove e swing vão surgindo nas partes modernas e quase funkeadas de “Tupi Nambha”, que mostra uma base rítmica bem trabalhada e bem percussiva. Influências de Baião, Samba e outros ritmos regionais surgem nas percussões criativas e na viola caipira de “Galdino Pataxó”, que caíram como uma luva nesse Groove intenso que existe nela. Em “Feiticeiro”, o peso das guitarras se faz presente mais uma vez, criando uma aura densa e opressiva sobre este andamento mais cadenciado e cheio de ritmo indígena. Fechando, “Ayahuasca”, que como a anterior, está cheia de um groove adaptado aos ritmos brasileiros, algo mais tribal, pesado e intenso, mostrando ótimos vocais e riffs muito bons.

Seja bem vindo, TUPI NAMBHA. O Brasil precisa de mais bandas como vocês, que nos lembrem de nossa Alma Mater.

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