quarta-feira, 23 de agosto de 2017

LE CHANT NOIR - Ars Arcanvm Vodvm (Álbum)


2017
Nacional

Nota: 10,0/10,0

Tracklist:

1. Tanz Der Trommeln
2. Forsaken Ghosts
3. Wormslayer
4. Cabaret de L’Enfer
5. The Luciferian Whetstone
6. Bedeviled by Tchort
7. Unleashed Dementia
8. Portal Overture
9. Ars Arcanvm Vodvm
10. My Elders’ Cry
11. Outro


Banda:

Lord Kaiaphas - Vocais, programação
Mantus - Guitarra solo, baixo
Leonardo D. Pagani - Bateria, sintetizadores, guitarra base, marimba, tímpano, Vibrafone, Marimba, percussões


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Cria música diferente do que os fãs estão acostumados é sempre algo sofrido para muitos músicos. Mesmo quando eles tocam em projetos paralelos, lá vem o sujeito mal informado querendo meter o dedo na cara do músico e ditar normas. Nisso, esse tipo de fã se esquece de que ele não manda na vida alheia, e que qualquer músico que se preze possui uma gama enorme de influências que ele precisa expressar vez por outra. Por isso os projetos paralelos existem. E um projeto como o LE CHANT NOIR merece aplausos, pois o resultado final é um disco formidável chamado “Ars Arcanvm Vodvm”.

Por trás do LCN estão figuras bem conhecidas: Leonardo D. Pagani (que já tocou no IMMUNO AFFINITY, TRIBUZY e outros, e baterista do MYSTERIIS), Lord Kaiaphas (do THOKKIAN VORTEX e MINIMAL CRIMINAL, que passou pelo ANCIENT, GRAND BELIAL’S KEY, entre muitos outros), e Mantus (do PATRIA e MYSTERIIS). Pronto, um ou outro já vai acreditar que temos em mão um disco de Black Metal puro e simples. Mas não. Apesar da aura Black Metal, o trabalho do trio tem influências de Death Metal, música clássica, Progressive Metal e outros. Só que nas mãos desses três músicos, o que se ouve em “Ars Arcanvm Vodvm” é uma música experimental, minimalista, com toques de Dark Ambient/Folk, que transita entre momentos medievais épicos e outros mais agressivos. É complexo, mas extremamente palatável, e fácil de assimilar.

Traduzindo: é ouvir e gostar, sem mais que isso.

O disco foi gravado de forma bem estranha, não usual:

As partes de bateria foram gravadas em um instrumento barato e sem peles de recuo, e diretamente em 4 canais para ter um som mais retrô e orgânico. Já as partes de baixo, guitarras, e vocais foram gravadas e pré-mixadas nos próprios home studios de cada um deles. As orquestrações foram feitas em instrumentos de um conservatório, e gravadas lá mesmo. O próprio Leonardo fez a mixagem final e a masterização em seu home studio, e o resultado disso tudo é uma sonoridade forte, pesada, densa e limpa. Sim, ela é bem clara, permitindo que o ouvinte consiga compreender cada nuance sem esforços. A crueza está nos timbres dos instrumentos, não na gravação.

Capa interna

Já a arte é de Marcelo Vasco para a PR2Design. A capa é algo diferente, quase modernista, evocando os cultos Vodu do Caribe. Mas o layout e design do encarte são mais simples, mas ótimos. E isso em um disco que tem um Slipcase protetor muito legal.

A maturidade mostrada em “Ars Arcanvm Vodvm” é enorme, coisa de quem sabe o que está fazendo. Vocais rasgados de alto nível, riffs de guitarra e partes principais geniais, baixo e bateria soando com muito peso, logo, se preparem para esta viagem insana pelo caos negro evocado pelo LE CHANT NOIR.

O disco é excelente de ponta a ponta, mas destacamos por mera referência a criativa e densa “Forsaken Ghosts” e suas partes soturnas e com belas melodias das guitarras (fora as ótimas mudanças de timbres nos vocais), a mais cadenciada e intensa “Wormslayer” e o peso de baixo e bateria muito bons (uma faixa bem climática, com andamento mais lento e com belas passagens de teclados e outros instrumentos), a agressividade latente e old school de “Cabaret de L’Enfer”, a sinistra e atmosférica “The Luciferian Whetstone”, a pegada extremamente envolvente de “Bedeviled by Tchort” (aqui temos um jeitão mais tradicional em termos de Black Metal, mas com belíssimas partes de teclados de fundo, e solo de primeira da guitarra) e de “Unleashed Dementia” (onde alguns toques mais industriais e de pura insanidade criativa nos seduzem), a brutal e intrincada “Ars Arcanvm Vodvm” com suas partes melódicas mais mórbidas criadas pelos teclados e belos riffs (além de baixo e bateria abusarem de fazer uma base bem coesa), e “My Elders’ Cry” (outra que tem o DNA do Black Metal, mas cheia de influências diferentes e criativas que vão nos ganhando rapidamente). E com um detalhe: é ouvir uma vez e não parar mais, pois há algo de hipnótico, de sedutor na música do LE CHANT NOIR. E isso é excelente, pois esse disco é tentador.

“Ars Arcanvm Vodvm” é um dos melhores discos do ano, sem sombra de dúvidas, e o trio mostra-se uma das grandes revelações de 2017. Esperemos que o LE CHANT NOIR não pare em apenas um disco.



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