segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

IN APOSTASIA - Hail the Kings


Ano: 2017
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

The Hail Side:

1. Our Scars (intro)
2. Never
3. Fire Within
4. Tamoio Confederation
5. They All Must Die
6. Burning Crosses
7. Hunting Ground
8. Brotherhood of Man 
9. War
10. Hear Their Voices (outro)

The Kings Side:

11. The Embrace of the Cold 
12. Christ’s Death
13. Raise the Dead
14. Countess Bathory
15. To Walk the Infernal Fields


Banda:


Jefferson Britto - Baixo, vocais
Lucas - Guitarras
Daniel - Bateria


Ficha Técnica:

Jeff Britto - Produção, mixagem, masterização, artwork
Rafael - Músico convidado (Guitarras em “Brotherhood of Man”, “The Embrace of the Cold”, “Christ’s Death”, “Raise the Dead”, “Countess Bathory”, e “ To Walk the Infernal Fields”)


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria: http://www.blacklegionprod.com/in-apostasia/ (Black Legion Productions)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Criar um disco pode ser algo trabalhoso, dependendo da ideai da banda envolvida no processo. A pressa em acabar uma gravação e pôr o disco nas lojas pode sempre trazer mais prejuízos do que ajudar. Por isso, o grupo mineiro IN APOSTASIA, de Governador Valadares, fez a coisa mais certa em seu terceiro trabalho de estúdio, o álbum “Hail the Kings”: trabalharam bem as ideais até chegarem onde queriam. E ficou muito bom o resultado final.

A banda faz um Black Metal agressivo e bem soturno, focado na velha escola do início dos anos 90, ou seja, a SWOBM. O trio não prima pela técnica (embora estejam longe de serem simplistas em termos técnicos), focando seus esforços em criar algo bruto e rápido, mas com muitos momentos mais cadenciados e atmosféricos. A profusão de riffs raçudos e diretos (mas muito bons), vocais rasgados de dar calafrios, baixo e bateria formando uma base rítmica sólida e com boas mudanças de ritmo é absurda o disco todo, criando algo de fácil assimilação pelos fãs do gênero, mas ríspido e mórbido.

Sim, traduzindo este parágrafo, “Hail the Kings” é um disco de alto nível em termos de Black Metal.

Ao se falar da sonoridade, muitas vezes o calcanhar de Aquiles de muitas bandas do gênero, se percebe que houve uma preocupação em ter uma sonoridade crua que esboce a personalidade musical do trio. Mas ao mesmo tempo, o produtor não se furtou em conceder a “Hail the Kings” um nível de limpeza que torna cada uma das canções compreensível aos ouvidos dos menos iniciados. E mesmo com uma produção digital, se percebe que houve uma preocupação com a estética dos timbres sonoros, de forma que tudo se encaixasse para fazer com que as canções soassem sólidas como rochas. E a arte ficou muito boa, refletindo a proposta negra do conteúdo lírico das canções.

“Hail the Kings” foi concebido como os antigos discos de vinil, com dois lados: “The Hail Side” é o disco em si, apresentando suas 10 faixas (uma introdução, uma outro, 7 canções próprias e uma versão para “Brotherhood of Man”, do MOTORHEAD). Já “The Kings Side” são versões deles para clássicos do gênero, bandas que os influenciaram e ajudaram a caracterizar o Black Metal. E em todas as composições, se percebe inteligência e esforço nos arranjos, mas coração para que a proposta sonora do grupo não fosse alterada. E como esses caras são talentosos!

O disco inteiro é ótimo, vale a ouvida de ponta a ponta. Mas para que o leitor tenha suas referências iniciais em “The Hail Side”, podem começar pela postura agressiva e brutal de “Never” e de “The Fire Within”, com ambas mostrando ótimas suas mudanças de ritmo (baixo e bateria fazendo um trabalho de primeira), a rapidez extrema da curta “They All Must Die”, o peso absurdo e atmosférico das partes mais cadenciadas de “Burning Crosses” (riffs muito bons, com uma dinâmica ótima com a base rítmica) e de “Hunting Ground” (aqui, os vocais estão muito bem, mostrando um tipo de vocal rasgado mais grave), além da ganchuda “War” e suas passagens em velocidade mediana que são empolgantes. E a versão deles para a magistral “Brotherhood of Man” é destruidora, com um ritmo lento e azedo, onde o vocal rasgado encaixou perfeitamente nas linhas roucas do finado Lemmy, sem falar que esses timbres crus de guitarra ficaram perfeitos.

“The Kings” é um tributo do IN APOSTASIA aos seus mestres. E ver a roupagem mais atual e agressiva que velhos hinos como “The Embrace of the Cold” (do grupo norueguês GRIMM, que aqui ficou com uma sonoridade melhor), a ríspida “Christ’s Death” (do SARCÓFAGO, que ganhou uma pegada mais Black Metal, graças aos vocais rasgados), a azeda e cadenciada “Raise the Dead” (do BATHORY, que já nasceu perfeita e o grupo respeitou suas características), a fogosa “Countess Bathory” (do VENOM, que ficou ótima com essa estética mais Black Metal e não tão Metal Punk), e a longa e gélida “To Walk the Infernal Fields” (um dos maiores clássico do DARKTHRONE, que soa mais limpa, mas não menos agressiva por isso).

O IN APOSTASIA tem tudo para se tornar um dos maiores nomes do Black Metal brasileiro, pois “Hail the Kings” mostra que o trio tem talento para isso.

Nota: 97%



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