Selo: Heavy Metal Rock
Nacional
Nota 9,0/10,0
Tracklist:
1.
Necromantia (Intro)
2.
Necromancer
3. Deadly
Symbiosis
4. Dark
Church
5. Havocs
and Destruction
6. Middle
Ages
7.
Plundered Society
8. The
Rival
9. Desert
Moonlight
Banda:
Marcelo Coutinho - Vocais
Luiz Fernando - Guitarras
Alex Kafer - Guitarras
Gustavo Fernandes - Baixo
Vinícius Cavalcanti - Bateria
Contatos:
Site Oficial:
Facebook: https://www.facebook.com/necromancerbr
Twitter: https://twitter.com/necromancerband
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/NECROMANCER/53
(Sangue Frio Produções)
E-mail: necromancer.br@gmail.com
Por Marcos “Big Daddy” Garcia
O passado do Metal é sempre visto como algo muito
romantizado, e às vezes, fora da realidade.
Sim, é incrível ver e perceber certa idolatria pelos anos
80, muitas vezes por pessoas que não estavam lá, que nem ao menos eram nascidas.
Ou mesmo eram apenas crianças de colo, que não viram o que era a coisa em si.
Mas esquecem-se muitas vezes de dizer aos mais novos no gênero sobre as imensas
dificuldades sócio/econômicas da época, o que acabava limitando em muito o
número de bandas a lançarem discos por aqui, já que os selos sofriam com as
mesmas problemáticas nascidas da economia decadente de nosso país.
Mas ao mesmo tempo, é ótimo quando um grupo daqueles tempos
retorna para cumprir uma missão em aberto, algo que deveria ter sido feito, mas
que problemas e mais problemas evitaram. E podemos enquadrar o quinteto carioca
NECROMANCER nessa turma. Sim, eles
são veteranos da cena (ainda lembro-me de um de seus shows, quando abriram para
MX e TAURUS no antigo Caverna II, em Botafogo), e que agora, mais de 30
anos depois de sua formação (são de 1985), o grupo lança seu primeiro CD, “Forbidden Art”. E agradecimentos à Heavy Metal Rock por comprar esta briga
e colocar o CD nas lojas.
Antes de tudo, o estilo da banda é aquela mistura bem crua e
pesada de Death Metal com Thrash, o que ocorria muito naquele triênio 85-86-87
no mundo inteiro, já que muitas bandas do Death Metal andavam transitando para
o Thrash sem problemas. O incrível é perceber que a fúria musical das canções
antigas (das 8 faixas do CD, 5 delas são de suas Demo Tapes “Dark Church” de 1987, “Science of Fear” de 1983 e “Victims of Deranged Maneuverings” de
1996. As outras três são novas, ou então, nunca gravadas) não foi perdida, e a
crueza deles não tem o mínimo toque de mofo. Não, muito pelo contrário, o
trabalho do NECROMANCER é tão atual
e até mais honesto que muitas bandas que reviram discos antigos e apenas
acumulam clichês tentando refazer o que já foi feito. E os caras aqui são
daqueles tempos, logo, se percebe o DNA do grupo. Os vocais continuam tão
furiosos como no início, mudando bem pouco e ainda claramente influenciados por
Tom Warrior; as guitarras da banda
lembram bastante a escola DESTRUCTION/SODOM,
com riffs azedos e pesados, e solos crus (mas bem tocados), baixo e bateria com
peso e técnica nas medidas certas. Assim, percebe-se que o grupo não exagera em
aspectos técnicos ou de agressividade, mas sabe equilibrá-los muito bem,
criando algo deles.
A qualidade sonora é bem crua, respeitando o passado do
grupo, mas sem deixar de lhes dar aquele toque de clareza e peso tão
necessários. Os timbres foram bem escolhidos, os instrumentos estão nos lugares
certos. Nada foi mudado em relação aos anos 80 e 90, apenas atualizado pela
qualidade dos equipamentos de hoje. A
arte de Marcelo Vasco é bela e bem
pensada, uma capa enigmática e com o layout do encarte repleto de fotos antigas
da banda.
Respeitando o passado do grupo, mas olhando o futuro, é
preciso deixar claro que o trio que gravou o CD, todos membros das formações
seminais do NECROMANCER, soube
escolher bem o material que entrou no disco. As músicas mostram o feeling
certo, pois as composições são possuem aleatoriedade, mas são bem construídas
em sua simplicidade. Arranjos bem postados, boa dinâmica de andamentos, tudo
muito bem feito.
É incrível sentir o sopro de vida que “Necromancer” (forte e poderosa, com velocidade não exagerada e
excelentes vocais), “Deadly Symbiosis”
(mais focada no peso e andamento na maior parte do tempo não tão veloz, azeda e
mostrando o talento das guitarras do grupo, com riffs memoráveis), a
emblemática “Dark Church” (outra com
velocidade moderada, mas que mostra um trabalho de baixo e bateria muito bom,
já que existem mudanças dinâmicas nos arranjos), da mais rápida “Plundered Society” (novamente um show
por parte dos vocais), e “Desert
Moonlight” (onde a qualidade de gravação fica um pouco mais tosca e crua,
sem afetar o produto final. Basta ver a força das guitarras, especialmente nos
solos, e nos urros), todas músicas das Demo Tapes, ganharam, bem como “Havocs and Destruction” (que começa
com uma intro de guitarras bem lenta, preparando o ouvinte para uma faixa
abrasiva e pesada de doer os dentes, com riffs crus insanos), “Middle Ages” (que tem partes
cadenciadas e pesadas à lá CELTIC FROST
com uma dinâmica mais germânica, ao passo que existem momentos bem empolgantes,
e destaque mais uma vez para o ótimo trabalho das guitarras e bateria), e a
brutal “The Rival” mostram uma banda
com raízes no passado, mas com os olhos no futuro e concentração no presente.
E tudo isso torna “Forbidden
Art” um disco obrigatório para todo bom fã de Metal extremo e para os
arqueólogos do Metal, para entenderem, de uma vez, que fazer um som que
referencia os anos 80 é para quem estava lá. Assim, o produto final nunca soa
clichê ou vazio de alma...
Parabéns ao NECROMANCER, sejam bem vindos de volta, e esperamos shows de vocês em
breve!
Em tempo: Gustavo
Fernandes (baixo) e Edu Lopez
(guitarra) não chegaram a gravar contribuições em “Forbidden Art”. Edu
também deixou a banda para se dedicar ao VORGOK,
com Alex indo para as guitarras e Vinícius Cavalcanti assumindo a bateria. E o futuro os espera de braços abertos no próximo trabalho do grupo
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