2017
Selo:
Violent Records, Sangue Frio Records, Brutal Wear
Nacional
Nota: 8,8/10,0
Tracklist:
1. The
Sleep of Satan
2. Pelas Desgraças de Deus
3. Domination
4. Eu Vejo o Fim
5. Liberty
to Satan
6.
Impiedoso
7. Fire
8. Master
of Darkness
9. Demônio da Sedução
10. Under the Moon’s Domain
Banda:
Azoth - Vocais
Mortuum - Guitarras, teclados, backing vocals
Jagar - Guitarras
Nahash - Baixo
Aldebaran - Bateria
Contatos:
Site Oficial: http://www.impiedoso.com/
Facebook: https://www.facebook.com/ImpiedosoHorde/
Twitter:
Instagram:
Bandcamp: https://impiedoso.bandcamp.com/
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/IMPIEDOSO/47
(Sangue Frio Produções)
E-mail: impiedoso@impiedoso.com
Por Marcos “Big Daddy” Garcia
Poucos são os afortunados que ainda se lembram dos anos
dourados da virada da década de 90 para os anos 2000, quando o Black Metal no
Brasil florescia de forma exuberante. Era a época em que a essência envolvente do
estilo se aliou à juventude de muitos e fez com que o Brasil se tornasse um
verdadeiro criadouro de nomes de primeira, como MYSTERIIS, BLACK COMMUNION, EVIL WAR, OCULTAN, GREAT VAST FOREST e tantos outros. Mas um nome que na época
ficou oculto foi o do quinteto IMPIEDOSO,
de Jaraguá do Sul (SC). Mas se o tempo não lhes fez justiça naqueles tempos,
hoje temos acesso ao primeiro álbum do grupo, “Reign of Darkness”.
Ao ouvir o álbum, nossa consciência é levada diretamente
para aquela época, uma vez que o trabalho musical do quinteto é bem raiz, ou
seja, busca influências no Black Metal da SWOBM (Second Wave of Black Metal), especialmente da cena grega do
estilo, com alguma coisa do que se fazia na Noruega, mas com uma aura forte que
somente as bandas brasileiras têm. E apesar do trabalho do grupo não ser
inovador (o que também não é uma exigência), sangra em energia e vitalidade,
além de ser um disco honesto. Sim, percebe-se que a música deles é, antes de
tudo, honesta com os fãs e com eles mesmos. Mas se preparem para algumas partes
nada ortodoxas, como os solos mais melodiosos em certos momentos de “Liberty to Satan”.
David Lago fez a
produção, engenharia sonora e mixagem de “Reign
in Darkness”, enquanto Hadelfar
fez a masterização. Embora a sonoridade
esteja bem suja e crua, distantes do
que se faz hoje em dia, é preciso ter em mente que esta crueza é essencial para
o que a banda tem em mente para sua sonoridade. Além do mais, falamos de Black
Metal anos 90, logo, essa sujeira é essencial e não atrapalha a compreensão do
ouvinte.
A arte da capa é de Eliseu
Souza, deixando claro que lidamos como uma banda profana e disposta a
expor-se ao crivo de todos. E David Lago
também trabalhou na arte visual, e vemos uma apresentação simples e bem
sombria. Casando perfeitamente com a musicalidade do quinteto.
Quando “Reign in
Darkness” começa a tocar, fica bem claro que a banda não se esforça para
ser “a mais veloz”, “a mais satânica” ou “a mais extrema”. Não, o que o IMPIEDOSO quer de sua música é algo
macabro e sombrio, muitas vezes frio e cheio de uma ambientação sepulcral. E
justamente por tentar não ser “o mais alguma coisa” que o disco é tão bom, com
músicas arranjadas de forma espontânea, sem exageros técnicos, mas bem
diversificado.
“The Sleep of Satan” é
uma introdução que abre o disco, cheia de passagens acústicas e vocais
sussurrados, antes de surgirem cantos sombrios e passagens elétricas e
agressiva que introduzem “Pelas
Desgraças de Deus” tem um andamento rápido no início, boas mudanças de
ritmo e um trabalho ótimo de vocais (que soam bem diferentes do rasgado
tradicional, um timbre mais agudo à lá Varg
Vikernes), bem como a dualidade vocal entre timbres graves e agudos rasgados
de “Domination” fascinam o ouvinte
com essa levada mais lenta e azeda. As melodias soturnas das guitarras em “Eu Vejo o Fim” e sua aura totalmente “SWOBM”
são envolventes, assim como a longa e variada “Liberty to Satan” e suas mudanças de tempo (que vão do rápido ao
cadenciado sem pudores, mostrando a força de baixo e bateria, e isso sem
mencionar os excelentes solos de guitarras). “Impiedoso” é um autêntico soco na cara de agressividade e
velocidade, com boas guitarras, enquanto “Fire”
vem cheia de variações harmônicas interessantes e mais uma vez, ótimos vocais.
Embora seguindo o mesmo jeitão tradicional da anterior, “Master of Darkness” é mais bem trabalhada em termos de arranjos,
além de baixo e bateria estarem muito bem. Um pouco mais variada em termos rítmicos
é “Demônio da Sedução”, embora com
uma técnica instrumental simples. E os quase 12 minutos de “Under the Moon’s Domain” também mostram que o grupo não está
disposto a fazer uma música dessa duração sem mudanças de ritmo e alguns
arranjos fascinantes das guitarras.
O IMPIEDOSO é uma
ótima banda, e apesar do atraso (o grupo possui quase 20 anos de muitas lutas
no underground), “Reign in Darkness”
é um disco excelente!
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