terça-feira, 26 de setembro de 2017

HERETIC - The Errorism (Álbum Duplo)


2016
Selo: Two Beers Or Not Tow Beers, Record Union
Nacional

Nota: 9,7/10,0


Tracklist:

Disco 1:

1. Grounds of Kalinga
2. Amlid
3. Sumerian Counsel
4. Sitar Fusion
5. Drown in Apsu
6. The Errorism
7. Choked in Cicuta
8. Mirage
9. Trampled by War Elephants

Disco 2:

1. Summoning the Greek
2. Bite the Sand
3. Act IV
4. Black Genius
5. Echoes
6. Act I
7. Birth of Ashoka
8. Ruins (Nile cover)


Banda:


Guilherme Aguiar - Guitarras, baixo fretless, teclados, sintetizadores, outros instrumentos
  
Convidados:

Laysson Mesquita - Baixo fretless
Fifas Rules - Baixo fretless
Luis Maldonalle - Guitarras solo
Moyz Henrique - Guitarras solo


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Certos trabalhos de Metal que nascem no Brasil estão acima da dignidade dos bangers tupiniquins. Digo isso baseado na perda de tempo em que muitos Metalheads compatriotas perdem falando de artistas que não são do meio, mas de quem eles teimam falar e dar IBOPE. Particularmente, prefiro atitudes mais produtivas, e creio que o HERETIC, excelente grupo de Goiânia (GO) esteja de acordo com meus pensamentos, já que “The Errorism” é um disco digno de aplausos.

O projeto é capitaneado pelo guitarrista Guilherme Aguiar (que também é do ARMUM e do MUGO), e desta forma, no HERETIC vemos uma faceta musical mais melodiosa e voltada ao Fusion, centrada totalmente na expressividade das guitarras. E a diferença do trabalho do grupo está na fusão de elementos do famoso “guitar orientated Rock/Metal” com melodias orientais que vêm do Oriente Médio, fora o uso de efeitos para dar uma aclimatação ainda mais perfeita. Ou seja, a proposta da banda é bem diferente e inovadora em relação ao que existe. E o melhor de tudo: “The Errorism” é um disco duplo, com 17 canções inspiradas e cheias de criatividade.

“The Errorism” foi produzido, mixado e masterizado pelo próprio Guilherme, que manteve controle da sonoridade do disco. E esta, por sua vez, procura ter um equilíbrio muito bom entre peso, melodias, e a clareza instrumental para que o ouvinte possa compreender a proposta sonora do projeto. Mas se preparem, pois as doses de agressividade estão presentes em muitos momentos, e nos prendem no lugar.

Já o aspecto visual foi muito bem trabalhado, uma vez que o formato Digipack utilizado é bastante inteligente. E justamente por não possuir músicas cantadas, toda a arte pode ser simplificada da forma em que a apresentação se encontra. E a capa é enigmática e subjetiva, permitindo interpretações variadas.

Abrasivo, pesado e criativo, o trabalho do HERETIC vem para desafiar conceitos e expandir, pois nenhuma música se parece com a outra, tudo é diferente, mostrando ótima técnica e criatividade, baixo com muita influência de Jazz (veja as evidenciadas do baixo fretless em “Sumerian Counsel” e entenderão o que eu digo), fora a presença de outros instrumentos não convencionais aqui e ali para dar um toque a mais de classe.

“The Errorism” não é um disco de muito fácil digestão para fãs de “mais do mesmo”, já que ele é instigante e desafiador. E suas 17 músicas são todas excelentes.

Do disco 1, “Grounds of Kalinga” com seu trabalho variado e suas melodias orientais sedutoras (bem como a presença de percussões e cordas orientais, mais as mudanças de tempo bem feitas), “Amlid” e seu foco quase exclusivo nas guitarras (belas esmerilhadas nos solos), a brutalidade eclética e cheia de belas passagens de baixo fretless de “Sumerian Counsel”, as partes mais melodiosas e introspectivas de “Sitar Fusion” (reparem nas cítaras e suas lindas melodias e certo toque de groove), as percussões tribais que dão início à pesada “Drown in Apsu” e suas guitarras destilando ótimos riffs, a fusão eclética de elementos de Jazz, Metal e ritmos orientais clara em “The Errorism” e na bem trabalhada “Choked in Cicuta”, e o peso avassalador de “Mirage” (que tem umas partes jazzísticas/orientais muito interessantes) e o jeitão mais experimental de “Trampled by War Elephants”.

No disco 2, temos a provocante “Summoning the Greek” com seu jeitão mais de Metal tradicional (mas apresentando partes experimentais muito boas), e esta mesma pegada mais melodiosa surge em “Bite the Sand” e seus arranjos de cítaras e percussões muito interessantes. “Act IV” e “Act I” são duas canções gravadas ao vivo, onde se percebe claramente que o grupo soa pesado e denso como no disco, mas bem mais solto e espontâneo. E “Black Genius”, temos novamente melodias não muito complexas, enquanto “Echoes” é bem “heavyssíva” em seu jeito mais introspectivo, e essa mesma pegada mais intimista e deliciosamente sedutora surge nas linhas melódicas de “Birth of Ashoka” (novamente os toques com baixo fretless ficaram ótimos). Fechando, uma versão personalizada do grupo para “Ruins” do NILE, que ficou mais climática e introspectiva que a original, e nem tão ácida (mas ficou excelente, como esperado).

Enfim, “The Errorism” é um disco fantástico e que realmente nos faz aplaudir de pé, pois o HERETIC, no momento em que escrevo estas palavras, é uma das 10 bandas mais criativas do Brasil.


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