2017
Selo:
Erinnys Productions
Nacional
Nota: 8,5/10,0
A Future
Not So Far
Tracklist:
1. A Future
Not So Far
2.
Concentration Camp (Yourself)
3. Image of
Torture
4. Rotten
Food
5.
Chermical War
6. Skin
7.
Hemorrhage to the War
8. It’s
Explanation Is Your God
9. Name to
the Kings
10.
Lastimation (instrumental)
11.
Ambicionato
12. The
Morcrof (Souls to Capture)
Banda:
Ludwick Schölzel - Vocais
Caecus Magice - Guitarras
R. Bressan - Guitarras
Paullus Moura - Baixo, vocais
Feralis - Bateria
Scientia Ab
Mortuus
Tracklist:
1. Incidental
Intro (acts I / II)
2. Portal
to the Knowledge / Buried Alive Existence
3. Incidental
Intro (acts III / IV)
4. Nihilism
(Prophect Conjecture)
5. Outro
6. The
Forest N’Gai
Banda:
Ludwick Schölzel - Vocais
Pétros Nilo - Guitarras
R. Bressan - Guitarras, teclados
Paullus Moura - Baixo, vocais
B. Gênes
Hajj-Ahriman - Bateria
Contatos:
Site
Oficial: http://www.morcrof.com/
Twitter:
Youtube:
Instagram:
Bandcamp:
https://morcrofdarkmetal.bandcamp.com
Assessoria: http://www.facebook.com/cangacorockcomunicacoes/
(Cangaço Rock Comunicações)
E-mail: morcrof@hotmail.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
No mundo: No final dos anos 80 e início dos anos 90, o Metal sofreu
uma grande reviravolta no mundo inteiro. Com a saída do Hard Rock/Glam Metal da
evidência nas rádios, revistas e MTV e chegada do Grunge e Alternativo, o
estilo ficou ilhado na Europa, como havia ocorrido no início da Idade Média com
a queda do Império Romano e as invasões bárbaras. O Thrash Metal americano
também dava sinais de cansaço, e seu espaço começava a ser tomado pela segunda
leva de bandas de Death Metal vindas da Flórida e da Suécia. E no submundo do
underground, o Black Metal começava a ressuscitar na Noruega, Grécia Finlândia e
Suécia. Já em 1996, o Black Metal havia tomado o espaço do Death Metal como
estilo mais proeminente do Metal extremo, e o Grunge começava a desaparecer e o
Metal a se fortalecer mundialmente mais uma vez.
No Brasil: em 1993, uma crise financeira absurda assolava o
país, legado do regime militar e que recebeu continuidade dos primeiros
governos da democracia brasileira. E essa mesma crise comprometia muito do
cenário Metal, com bandas incapazes de se sustentarem e acabando, com parco acesso a instrumentos e equipamentos musicais importados (os nacionais eram terríveis). Os mais jovens
lutavam para se manterem vivos nos porões do underground. E assim como na
Europa, o Black Metal começou a ganhar nova vida enquanto o Death Metal estava
mais proeminente. Em 1996, com a economia mais estabilizada e o poder
aquisitivo melhor, as bandas já conseguiam respirar, e enquanto muitas pararam,
outras chegaram ao sucesso, o underground fervia.
E na escuridão, o MORCROF,
veterano do Black Metal de São Paulo, começava sua saga. E em pleno auge da
crise econômica do país, em janeiro de 1994, a banda lançou seu primeiro
registro sonoro, a Demo Tape “A Future
Not So Far”, e em 1996, surgiu com a segunda Demo Tape, “Scientia Ab Mortuus”. E ambas estão sendo relançadas agora pela Erinnys Productions.
Nas épocas de cada uma, o formato K7 ainda era o usual
(somente mais próximo ao final dos anos 90 é que os Demos CDs se tornariam mais
usuais e populares).
Formação que gravou “A Future Not So Far” em 1993 e em 2017. |
Dois anos depois, lançando “Scientia Ab Mortuus” já mostra o MORCROF bem mais voltado ao Black Metal atmosférico sinistro que os
caracteriza nos dias de hoje. Os teclados dão uma ambientação fúnebre, com
riffs mórbidos e a base rítmica já mais diversificada em andamentos mais
cadenciados, e os vocais continuam focados nos timbres guturais de antes, mas
já permitindo alguns urros rasgados e vozes normais vez por outra. As melodias soturnas
da banda finalmente surgem aqui, e assim, fica evidenciada a diferença estilística
leva muitos a considerar este trabalho o início real do grupo.
Em termos de qualidade sonora, “A Future Not So Far” é podre e crua, com uma sonoridade suja bem característica
de seu tempo (lembrando: crise econômica = pouco poder aquisitivo = menor
possibilidades em estúdio). E “Scientia Ab
Mortuus” ostenta uma qualidade melhor (momentos mais limpos são bem claros
os ouvidos, assim como os teclados), embora ainda seja crua devido ao estilo
sonoro em si e aos timbres usados.
Em termos de artes, “A
Future Not So Far” recebeu uma nova arte, que transparece as
características gráficas originais, apenas para uma apresentação melhor, e é um
desenho chamado “The Demons of Yanaidar”,
que consta na página 52 do número 18 da revista “A Espada Selvagem de Conan”, lançada em 1986 pela Editora Abril,
São Paulo, feita por John Buscema (o
artista mais conhecido em seus desenhos do personagem) e Tony De Zuninga. E o formato é o conhecido cardboard sleeve, a capa
que lembra um vinil.
Já “Scientia Ab Mortuus”
manteve a capa original, só adaptada para CD, mas com encarte e também no
formato cardboard sleeve.
O relançamento de ambos os trabalhos, como mencionado acima,
nos permite observar que existem características comuns em ambas as fases, e
algumas que permanecerão na personalidade da banda após tantos anos. Além do
mais, tanto “A Future Not So Far”
como “Scientia Ab Mortuus” possuem
enorme importância histórica para aqueles que buscam conhecer o que é feito em
Metal aqui nesses anos de muitas lutas.
Em “Future Not So Far”,
a banda mostra um trabalho ainda no estágio inicial, bem Death Metal. Mas se
repararem direito, aquela aura opressiva que todos conhecem dos trabalhos
futuros da banda se mostra em muitos momentos, especialmente em “Concentration Camp (Yourself)”, “Rotten Food” (reparem em alguns
momentos mais técnicos de baixo e bateria), “It’s Explanation Is Your God”, e na instrumental “Lastimation”. Mas nessa edição, ainda
existem duas faixas extras, “Ambicionato”
e “The Morcrof (Souls to Capture)”,
que soam ainda mais podres que as anteriores. Mas tenham em mente que este
material tem mais de 20 anos de lançamento. E aqui, temos a participação de Caecus Magice nas guitarras e Feralis na bateria.
Em “Scientia Ab
Mortuus”, já nota-se a presença de novos membros: Pétros Nilo nas guitarras, e B.
Gênes Hajj-Ahriman na bateria, além de R.
Bressan assumir os teclados (além das guitarras, como antes).
Agora, em termos de sonoridade, o MORCROF já se mostra mais maduro e coeso, e toda a carga do Black Metal
helênico que os influenciou está presente. Mas isso não quer dizer que a banda
não tenha personalidade, longe disso: quem os conhece, os respeita por saberem
o quanto sua música é pessoal. E outro traço que surge neste trabalho e
permanece até os dias de hoje são as canções longas. “Portal to the Knowledge/Buried Alive Existence” é recheada de boas
melodias e ótimos vocais, além da base rítmica estar de primeira, assim como a
procissão fúnebre denominada “Nihilism
(Prophect Conjecture)”, também cadenciada e cheia de belos teclados e
guitarras em riffs criativos. E ainda temos um bônus, a versão ao vivo da banda
para “The Forest N’Gai”, do ROTTING CHRIST, gravada no “Evil Prayer
To The Knowledge Fest” de 1995, onde a crueza impera (mas o que esperar de uma
gravação ao vivo da época?).
No mais, tanto “A
Future Not So Far” quanto “Scientia Ab
Mortuus” são obrigatórios aos fãs de Metal extremo, e também para aqueles
que gostam de acompanhar a história do Metal brasileiro.
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